Eleitor cansou: pêndulo da política brasileira se move para o centro

Por João Zisman 

O balanço das eleições municipais revela uma mudança significativa no cenário político brasileiro: o pêndulo começa a se deslocar para o centro. Após anos de intensa polarização e discursos inflamados, o eleitorado mostra sinais de cansaço, optando por propostas mais moderadas e pragmáticas, especialmente no nível municipal. Partidos como o PSD e o MDB demonstraram grande força, com o PSD sob a liderança de Gilberto Kassab e o MDB dominado por caciques como os Calheiros e os Barbalhos, que souberam capitalizar essa busca por equilíbrio.

O processo eleitoral de 2024, de forma geral, transcorreu com relativa tranquilidade, uma diferença notável em relação aos pleitos de 2018, 2020 e 2022, marcados por radicalizações ideológicas. No entanto, algumas exceções, como São Paulo, destacaram-se negativamente. A participação de Pablo Marçal na campanha paulistana é um exemplo claro do desgaste da política de confronto sem propostas consistentes. Marçal, que tentou se firmar como uma figura populista, acabou se tornando uma caricatura de si mesmo, alienando eleitores com uma retórica esvaziada e desconectada da realidade.

O fortalecimento do centro não é um fenômeno isolado, mas sim uma resposta natural ao desgaste causado por anos de polarização. Como apontam estudiosos como Giovanni Sartori e Seymour Lipset, após períodos de radicalização, ocorre uma fadiga política, que leva o eleitorado a buscar moderação e estabilidade. O “centrão”, com sua habilidade de negociar em diferentes frentes, soube aproveitar esse momento, consolidando-se como uma força política resiliente e pragmática.

Com a musculatura crescente do “centrão”, simbolizada pela expansão do PSD e do MDB de caciques como os Calheiros e os Barbalhos, o cenário político aponta para um futuro de maior moderação. O pragmatismo e a capacidade de adaptação dessas legendas sugerem que o Brasil caminha para uma política mais equilibrada, afastando-se dos extremos que marcaram os últimos anos. O pêndulo, agora, parece estar encontrando seu ponto de equilíbrio.

João Zisman é jornalista