Eleições 2022: que Deus e todas as forças do universo ajudem o Brasil e o povo brasileiro

Por Rogério Bonato –

Tudo voa quando o assunto é política. Algumas posturas se alteram em questão horas, para o desespero dos mais radicais. O resultado das eleições fechou por volta das 20hs do domingo e pela manhã, na segunda-feira, havia mais discursos de alinhamento e tratativas em favor do Brasil, do que a amarga dissonância que prevalece nos derrotados.

Pela primeira vez, depois de décadas de redemocratização, os brasileiros foram às urnas com aparente ferocidade, com o louvor do exercício cívico, algo há muito sonhado. Antes disso, o Brasil era apenas o país do futebol, do samba e Carnaval; do povo simpático e pacífico, de temperamento ameno, muitas vezes distante e distante dos interesses nacionais. Isso mudou, porque o cidadão descobriu que para desfrutar do seu desenho feliz de paz e tranquilidade, precisa trabalhar, ter dinheiro no bolso; alimento na geladeira, precisa pagar a luz, água, comunicação, contar com escolas, hospitais, transporte, e, somente há uma maneira de desfrutar de tudo isso: escolhendo os representantes em todas as escalas.

Por aí se explica os números advindos das urnas, aos dois candidatos à presidência, um acima de 60 milhões de votos e o outro quase lá, com mais de 58 milhões. Independentemente vencedor e derrotado, ambos são vitoriosos, quando prevalece a democracia. Não vamos aqui discutir direita, centro ou esquerda, nacionalismo, socialismo, totalitarismo, pluralismo, anarquia digital, liberdades, restrições, aberrações e ignorâncias, vamos apenas aceitar o Brasil com o peso que merece, de nação livre e independente, com economia formidável e força de trabalho inabalável. O Brasil é inestimavelmente maior do que a pequenice eleitoreira e desconectada com a realidade.

Pronto, as eleições acabaram e agora?

Os brasileiros torcerão duplamente nos meses a seguir: pelos gramados, porque isso é de certa forma inevitável e em paralelo, sonhando com o entendimento das forças políticas, porque o tempo passa rápido e como escreveu o poeta Vinícius de Moraes, “o vencimento não pode esperar”. As contas andam mais que o bolso; qualquer deslize poderá levar ao caos e os brasileiros estão cansados de tantas privações. Chegamos ao estágio de “despersonalizar” a política, e ir para cima dos políticos, gostem ou não. O colorido do mundo, da bandeira, na verdade é nosso, e o futuro será em preto e branco se nos faltar a devida atenção. Atento a isso, Lula pela primeira vez, realizou um discurso que não é populista, e sim calçado no realismo, porque a fome bate à porta de milhões. Não seremos justos, se não corrigirmos essas deformidades. Caso Bolsonaro fosse reeleito, estejam certos, não pronunciaria palavras distantes das que ouvimos após o resultado.

É de certa forma confortante imaginar que haverá discussões assim acirradas em 2024; o debate será municipal e é dessa maneira que o setor político esculpirá um novo relevo, quiçá bem mais avançado e franco. O processo eleitoral recentemente enfrentado foi uma escola, de lapidação mais que eficiente.

O Brasil ainda viverá o momento, em que a avaliação dos gestores será mais qualitativa, dentro do espaço em que governaram, em outras palavras: nos serviram. Essa relação ainda será ajustada, aperfeiçoada, sem tantas tensões, ou a divisão de famílias e amigos. O ódio surge do inconformismo, e ele só será atenuado, quando houver justiça, lisura, ética e compromisso por parte daqueles que nos representarão.  Por isso, Deus ajude o Brasil e todos os brasileiros.

Rogério Romano Bonato