EDUCAÇÃO SUPERIOR E BÁSICA: competição ou sinergia?

Por Gustavo Oliveira Vieira

 

Um dos discursos reiterados que vem em ataque ao investimento feito às universidades públicas é que o recurso da educação deveria verter em favor da educação básica. Será que há uma disputa de recursos entre ambos e até que ponto há sinergia no investimento? Seria preciso fragilizar a educação superior para reforçar a educação básica? Os argumentos que seguem propugnam por esclarecer o reforço mútuo existente, em detrimento à competição entre ambos os níveis educacionais.

 

Qual papel a educação superior cumpre na educação básica? (1) A formação de professores é feita no ensino superior. A título de exemplo, dos 29 cursos de graduação da UNILA, 7 são licenciaturas, ou seja, com enfoque e habilitação para docência (Ciências da Natureza – biologia, química e física; Filosofia; Geografia; História; Letras – espanhol e português como línguas estrangeiras; Matemática e Química). (2) Dos 12 mestrados, boa parte dos professores de educação básica que cursam buscam qualificar sua atuação docente ou progredir na carreira. (3) Universidades atuam na educação básica. As universidades federais têm 16 colégios de aplicação para educação básica, soma-se a isso o fato de a extensão universitária fazer-se presente na educação básica.

 

Cumpre esclarecer que o tripé universitário, baseado no Ensino-Pesquisa-Extensão, implica na realização de atividades junto à comunidade externa, muitas das quais tem como fator motivador a integração Educação Básica-Educação Superior.  A título exemplificativo, no nosso horizonte da UNILA, temos ações de extensão como cursos de formação de professores municipais (acadêmicos de licenciaturas e docentes em exercício) para debater a Base Nacional Comum Curricular, cursos preparatórios para inserção do espanhol na educação básica, diversas inserções para o ensino de ciências (desde formação didática a feiras de ciências), fomento e construção de bibliotecas nas escolas e comunidades, educação de jovens e adultos nas regiões de vulnerabilidade social da região (Bubas), reforço de matemática, xadrez e assim por diante.

 

Educação e Desenvolvimento caminham juntos, querendo ou não. É preciso compreender que o investimento em educação, da creche ao doutorado, gera sinergia em todo processo educacional. Melhores universidades devem gerar melhores professores e com isso aprimorar a educação básica, e o caminho inverso também funciona, pois permite que os egressos do ensino médio acessem universidades com maior facilidade e possam aproveitar mais e melhor as oportunidades do ensino superior. Em educação há sobretudo sinergia, não competição.