De Vermelho, a Foz grita: turismo, civismo e um tapete de bom senso!

Em sua coluna do sábado e final de semana, Rogério Bonato aborda diversos assuntos, todos juntos e misturados!

Dá-lhe Vermelho!
Na última quarta-feira, enquanto o país discutia cortes e contracortes, o deputado federal Vermelho puxou o freio de mão da incoerência e disse o que precisava ser dito: cortar meio bilhão do orçamento do Ministério do Turismo é dar um tiro no pé… descalço, sobre paralelepípedo quente. O parlamentar usou a tribuna da Comissão de Turismo como deve ser: com contundência, argumentos sólidos e — por que não? — um grito em defesa de cidades como Foz do Iguaçu, que vivem do fluxo de visitantes e da força do setor. Enquanto o mundo injeta recursos no turismo, o Brasil parece querer sair da vitrine e entrar no estoque.

A galinha dos ovos de ouro está com fome
“Cortar verba do Turismo é matar a galinha dos ovos de ouro”, resumiu o deputado, com uma clareza que até as galinhas entenderiam. E não é exagero: a iniciativa privada gasta milhões com frota, fachadas, funcionários e folhetos. Já o poder público parece só lembrar do setor quando emite boletos de impostos e taxas. O turismo brasileiro, especialmente em Foz, precisa mais do que palanque: precisa de pavimento, promoção internacional e políticas públicas que transformem fluxo em futuro. E Vermelho não se calou.

A conta não fecha
Se a lógica fosse jogo de cassino — que, aliás, Vermelho também defende com fervor —, a aposta do governo seria de perder tudo. Afinal, como privatizar aeroportos e ao mesmo tempo cortar a verba que traz os passageiros? É como vender ingresso para um show e desligar o som. O deputado fez questão de lembrar que a infraestrutura turística depende de investimentos públicos também: estradas seguras, aeroportos decentes, centros de eventos equipados e acesso fácil. O Brasil quer atrair turistas com promessas, mas entrega conexões aéreas com escalas longas e voos curtos de investimento.

Quando o Brasil some das feiras, o mundo agradece
Enquanto França, Espanha e Itália desfilam suas belezas em painéis gigantes, o Brasil economiza no folder. A redução no orçamento afeta diretamente a promoção internacional — e o que não se mostra, não se vende. Vermelho criticou o que poderá se consumar no apagamento das nossas campanhas em feiras e eventos globais, onde imagens de Foz, da Amazônia ou do Pantanal deveriam brilhar como vitrines do nosso potencial. Sem divulgação, o turista olha para o mapa e vai para onde prometem recebe-lo bem.

Menos verba, menos gente, menos renda
Se o turismo representa 8% do PIB, o corte no orçamento é um passo para trás em pleno século XXI. Vermelho foi direto ao ponto: com menos recursos, vem menos movimento; com menos movimento, vem menos emprego; e com menos emprego… O governo quer resultado, mas não fornece ferramenta. É como exigir bolo sem dar farinha.

Um ministro que joga junto
Nem tudo são cortes e lamentos. O deputado fez questão de elogiar o ministro Celso Sabino, que vem trabalhando sério — e viajando o país com uma mala cheia de boa vontade e projetos sob medida. “Sabino ouve, articula, executa. Isso já é uma grande coisa em Brasília”, destacou Vermelho. A parceria entre o ministério e parlamentares engajados pode ser a salvação de um setor que tem pressa e precisa de rumo — especialmente com o dólar nas alturas e os turistas na palma do celular.

Escola Nacional do Turismo: Foz na liderança
Vermelho aproveitou o embalo e lembrou de uma de suas bandeiras mais estratégicas: a criação da Escola Nacional do Turismo em Foz do Iguaçu. Um projeto que vai além do simbolismo — é uma aposta na qualificação de quem faz o turismo acontecer. Com o apoio do ministério e da cidade, o Brasil pode ter em Foz um centro de formação para transformar atendentes em anfitriões, guias em especialistas e garçons em embaixadores do destino.

E ainda tem o cassino…
Vale lembrar que no Congresso Nacional, Vermelho é um dos maiores defensores da legalização dos cassinos. Em tempos de orçamento enxuto, nada mais inteligente que abrir novas frentes de arrecadação — e de diversão. Cassino não é só jogo: é hotelaria, gastronomia, entretenimento e receita girando. Se Foz do Iguaçu já é gigante em atrativos naturais, imagina com uma Las Vegas subtropical às margens dos rios Paraná e Iguaçu?

Corpus Christi: turismo, tapete e teologia aplicada
Às vezes este colunista, que muito vos preza e pouco vos entende, é tomado por um sentimento de oráculo. Só isso explica o fato de leitores escreverem perguntas que poderiam ser respondidas com “Google”. Vai ver esperam não respostas, mas diversões. “Qual o verdadeiro significado do Corpus Christi?”, indagou Zé A. B. Feitosa, mineiro de Varginha e barrageiro emérito. Resposta curta: é uma celebração católica que reverencia a presença de Cristo na Eucaristia, ou seja, no pão e no vinho consagrados. O pão os fiéis recebem. O vinho, só o padre bebe. E olha que nem sempre é vinho — às vezes, suco de uva, para tristeza de certos seminaristas.

E quando é?
O curioso é a data. Este ano cai em 19 de junho. “Uai, mas a Santa Ceia não foi lá antes da crucificação?”, pergunta o povo, com razão. A resposta exige um GPS litúrgico, uma calculadora e talvez um telescópio: a data é móvel, calculada a partir da primeira lua cheia depois do equinócio de primavera — do hemisfério norte, veja bem. A partir daí se contam 50 dias até Pentecostes, mais uma semana até a Santíssima Trindade, e então, finalmente, chega-se à quinta-feira de Corpus Christi. Entendeu? Nem eu.

É feriado?
Ponto facultativo. Mas há consolo: Foz do Iguaçu adora feriados. E feriados adoram Foz. A cidade lota, os hotéis agradecem, os motéis também — embora com clientela mais silenciosa. Os tapetes coloridos tomam as ruas, fiéis se emocionam e comerciantes rezam para São Pedro segurar a chuva. Se é para misturar fé com fluxo turístico, que ao menos todos saiam ganhando: o Corpo de Cristo no altar e os corpos de turistas nas Cataratas. E viva a diversidade espiritual de uma cidade que ora, acolhe e ainda rende tributos com hospedagem!

Sujismundo voltou e ninguém avisou
Quem viveu os anos 70 lembra do Sujismundo, personagem que ensinava crianças — e muitos marmanjos — a não jogar lixo no chão. Meio século depois, ele parece ter reencarnado em versão coletiva: pilhas de sofás estropiados, entulho de banheiro, restos de geladeira e carcaças de TV são largados em terrenos baldios de Foz do Iguaçu como se a cidade fosse um enorme lixão a céu aberto. E o mais triste: há coleta regular, há estrutura, há canais para descarte correto. Mas não. O porcalhão moderno prefere o atalho da irresponsabilidade e da preguiça. O lixo vira cartão de visita para quem chega à cidade — e mancha a imagem de um dos destinos mais importantes do país. Alguém viu o Sujismundo?

Mutirão de limpeza ou de consciência?
A prefeitura organiza mutirões de limpeza, mobiliza funcionários, voluntários, máquinas e recursos. E o resultado? Impressionante. O problema? Efêmero. Horas depois, lá estão de novo os colchões fedidos, as latas enferrujadas, os restos de obra. Como se os próprios moradores dissessem: “limpem aí, que daqui a pouco eu sujo de novo”. Isso não é falta de coleta, é excesso de má educação. O que mais revolta é saber que o dinheiro investido nesses mutirões — que deveriam ser emergenciais e pontuais — poderia estar sendo usado para algo muito mais nobre: cultura, saúde, lazer, ou pelo menos, consertar aquele buraco da esquina. Mas não. Seguimos pagando a conta do incivilizado que não entende que viver em comunidade exige o mínimo de bom senso e o máximo de respeito.

Dengue, descaso e descarte indevido
Todo verão é a mesma ladainha: cresce o número de casos de dengue, a população se assusta, e o poder público sai correndo atrás do prejuízo. Mas o foco da doença, veja só, não brota da terra — ele nasce do balde jogado no quintal, do pneu largado no fundo do terreno, do vaso de planta com água parada. E quando morre um animal de estimação? Tem morador que simplesmente o joga na rua — como se o asfalto fosse cemitério. O CCZ existe, o serviço público também, mas é mais “prático” abandonar. Depois, ainda reclamam da infestação. Higiene urbana não se faz apenas com caminhão e gari: começa no portão de casa. Ou será preciso desenhar — com larvas de mosquito?

Porcalhão de estimação: uma ameaça invisível
Mesmo com toda a estrutura, há quem transforme a própria calçada num depósito de desrespeito. Não adianta vir com papo de que “a prefeitura não faz nada” se o sujeito não é capaz de varrer a própria calha. É muito cômodo responsabilizar o governo por tudo, enquanto se despeja sofá velho na ciclovia. Quer cidade limpa? Comece pela sua consciência. Porque nenhum mutirão consegue limpar a mente de quem acha que espaço público é lixão.

Apesar da indignação…
…como diria o filósofo popular — Tom Jobim —, “a gente vai levando”. E já que não dá pra mudar o mundo até sábado à tarde, que ao menos se consiga acender a churrasqueira! Que o final de semana traga algo além de pé de galinha na brasa. Aliás, na festa junina da paróquia, o coraçãozinho de galinha estava a R$ 15 a unidade — preço que faz qualquer ave morrer duas vezes. Somando quentão com gemada, pinhão, paçoca e cocada, dá pra jantar em hotel cinco estrelas com música ao vivo e calefação. Dizem que manter as tradições é bonito… só não contaram que custava tanto. Viva São João! Bom fim de semana!

Rogério Bonato escreve com exclusividade para o Almanaque Futuro

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