Agredir a comunidade árabe por nada é “usar a arma da ignorância”
Em sua coluna, Rogério Bonato faz um retrospécto das infâmias e mentiras sobre o terrorismo na fronteira e, dentre outros assuntos, comenta o provável entrerro definitivo da Fespop.
Gente séria
A comunidade árabe de Foz do Iguaçu, a segunda maior concentração étnica de povos do Oriente Médio, Norte e Leste da África e Mediterrâneo Central, começou a imigrar para o Brasil no século retrasado, e, é formada por famílias devotas ao islamismo, com maioria muçulmana sunita, minoria xiita e também há os que seguem o cristianismo. Em outras palavras, é o mesmo Deus para todos; são monoteístas, abraâmicos, como são as poucas representações judaicas. É muito importante ressaltar que todos se dão muito bem e vivem harmoniosamente. Um fator curioso, é como se apoiam e se consolam frente aos conflitos e as barbaridades que ocorrem em todo o perímetro entre Líbia ao Afeganistão. Leia-se a quantidade de nações entre um e outro.
História
Os primeiros a chegar foram os de origem libanesa, e isso ocorreu nos primórdios da colonização, quando Foz do Iguaçu ainda nem existia na forma de um município. O tempo foi avançando e os “primos” foram chegando e ocupando lugares de destaque no comércio, engenharia, saúde, turismo e em quase todas as atividades representativas. Portanto, há que se ter cuidado antes de macular a honra dessa gente. Mas o problema da região onde Foz do Iguaçu está inserida é outro, sobretudo quando se trata do preconceito internacional, como relatou um jornalista norte-americano no seu best-seller conhecido como “A Globalização do Crime”, um resumo investigativo bestial, que trata esta parte do mapa como o “ânus do mundo”.
O antro da perdição
Se depender de Jeffrey Robinson, a região é formada por “duzentos mil punguistas, prostitutas, arruaceiros, revolucionários, rufiões, traficantes e viciados em drogas, assassinos, chantagistas, piratas, quadrilheiros, extorsionistas, contrabandistas, matadores de aluguel, proxenetas e arrivistas. Para ele, “o ânus do mundo situa-se na floresta do lado paraguaio do Rio Paraná – um lar afastado de casa para os cartéis da droga da América do Sul, as Tríades chinesas, a Yacusa, gangsteres russos e nigerianos e terroristas do Hezbollah – e se chama Ciudad dei Este. O autor é nova-iorquino, foi assessor de imprensa da Força Aérea Americana durante a Guerra do Vietnã, escreveu vários roteiros, biografias e atuou em emissoras importantes. Num mundo de gente belicista, onde a comunicação é usada em favor da guerra, alguém assim faz barulho e possui credibilidade. Certamente Donald Trump acredita nele e por sua vez, Jair Bolsonaro também.
Mapa do insulto
Funciona mais ou menos assim: toda a vez que acontece algo de podre no mundo, e, não conseguem desvendar e nem descobrir os culpados, apontam o dedo para a Tríplice Fronteira e despejam o caminhão de dejetos. Foi assim no triste episódio da AMIA, e em várias ocorrências que causaram suspeita quanto ao envolvimento com o terrorismo. Inventaram que a região mantinha campos de treinamento, escondia homens bomba, realizava reuniões entre malfeitores. Foi por essas e outras que a cidade se rebelou e realizou o “Primeiro Encontro Internacional de Terroristas”, em dezembro de 2001, nas dependências do Hotel Carimã. O evento terminou em samba! Acreditem, muita gente achou que era sério ao ponto de enviarem correspondentes. O que aconteceu, foi um sarro geral e chamou a atenção do mundo, uma vez que as ações sérias não faziam coro, como o super e bem organizado “Ato pela Paz”, no Gramadão de Itaipu e que reuniu cerca de 15 mil pessoas. Depois é que surgiu o festival Internacional do Humor Gráfico, evento perseguido pelas pessoas do mau-humor e que não toleravam ver como Foz e os vizinhos se defendiam das acusações. Esse conjunto de ações conseguiu afastar os rumores e invencionices, mas vira e mexe, alguém torna a maldizer, espalhando o besteirol. Impressionante. O fato é que Foz “guerrilhou” e muito bem contra a mentira e, de certa forma venceu algumas batalhas. Mas o inimigo, fardado de ultrajante covardia, sempre reaparece, dando o tapa e escondendo a mão.
Isso precisa acabar
E como se faz para resolver uma barbaridade dessas? Provando que é tudo mentira ou tentando descobrir se é verdade. Por mais de 30 anos o Mossad, CIA, ABIN, MI5, MI6 investigaram e viraram a região do avesso e até o momento, nem vestígio dos terroristas. Até o 007 gravou filme na região, se é que isso ajuda ilustrar a situação com um pouco de humor.
Alcançando o conflito
E qual a razão do ex-presidente insistir no assunto? Até uma criança decifraria: Bolsonaro quer chamar a atenção tentando embarcar na canoa de Trump e, com a intenção de atingir o governo Lula, que se opõe aos atos de Israel na faixa de Gaza e adjacências. Trazer os conflitos de lá para cá, não é uma fórmula prudente. A população é que fica no meio da encrenca. Em suas declarações, só faltou o Bolsonaro dizer que se for presidente, aceitaria a anexação do Brasil aos Estados Unidos. Bom, isso, aliás, muita gente gostaria. Governador Valadares votaria maciçamente nele o que não seria muita novidade uma vez que fez quase 60% dos votos na cidade mineira. Mas a realidade é outra, e das mais distantes, os líderes brasileiros precisam parar de se exibir como miquinhos amestrados de uns e outros e isso serve para todos. Se comportam como fosse o Brasil a república das bananas, e é por isso que a nossa região acaba sendo o ânus do mundo. Oras, vamos parar com isso! Políticos devem ser Estadistas, com personalidade e respeito aos cidadãos, os vizinhos e ao mundo. No dia em que todos os países conseguirem eleger ao mesmo tempo, gente decente, as coisas correrão o risco de mudar para melhor. Finalizando o parágrafo, como diz o bom amigo Mohamad Barakat, a ignorância é uma arma poderosa nas mãos dos ditadores”.
Sobre a anexação
Vamos pensar no futuro e com utopia! Haverá o dia em que as fronteiras cairão e os países se unirão, porque isso se fará necessário, se o objetivo é salvar o Planeta. As nações permanecerão, preservando a etnicidade, as guerras acabarão e a humanidade passará a pensar a “sua natureza” de outra maneira. Também não haverá mais religiões, tempos e igrejas, porque coisas muito ruins acontecerão e os Deuses perderão a credibilidade; o homem investirá em sua fé de restaurar o que causou. A cada dia pensamos mais nos danos causados e isso nos atucana. Pode ser, esse processo já tenha começado e as pessoas ainda não compreenderam. Baixou o John Lennon, alguém vai dizer, mas como ele cantava, “não custa nada imaginar”.
Mudando de assunto
Fespop divide opiniões. Se depender das redes sociais, é possível entender como a população de Santa Terezinha de Itaipu se divide quando o assunto é a realização do evento. Uma parcela apoia a decisão do prefeito, em usar os recursos em áreas como a Saúde; outro lado, reclama a ausência da festa como fosse o fim do mundo, elevado o orgulho em realizar shows com tantos artistas ao mesmo tempo.
Análise fria
Apesar do tropeço, em dizer que o Ministério Público recomendou a paralisação do evento, quando apenas tentou orientar na sua produção, o prefeito Antonio Luiz Bendo, o Bim, optou por dar um tempo e reavaliar o assunto. Para atender ao MP, ele precisa de medidas orçamentárias, de gente especializada em eventos no governo e não quer chamar para si, o que os promotores já sabem, ou seja, que andaram fazendo coisas erradas no passado e que essa bomba um dia vai estourar. Francamente, há na decisão o peso do aconselhamento de Osli Machado, um especialista nesses assuntos e bom conhecedor dos desastres administrativos convertidos em improbidade.
Foz vai fazer?
Quando o pavio queimava em torno do barril de pólvora em Santa Terezinha, em janeiro, a turma de Foz começou a ser sondada pelos realizadores do Fespop. Foi o que disseram a este colunista. Mas ao passar do tempo, houve quem tenha se dedicado em estudar o formato e a história do evento, sentindo um friozinho de arrepio em alguma parte do corpo, porque como explicar uma relação do Município com a festa, sem que ela receba de alguma maneira, o aporte público?
Vazaram
Por mais legal que seja a operação de repassar recursos para o Provopar de STI, esperando que a entidade, sem fins lucrativos, apoie e aporte um megaevento, no ilusionismo de ajudar uma entidade necessitada, isso tem “cheirin” amargo para qualquer procurador de Município, então vamos imaginar o olfato de um Promotor de Justiça? Na certa uma encrenca está a caminho e o prefeito Bim, esperto, pulou fora. Resta saber se o General vai pular dentro, o que muita gente acredita ser difícil. Segundo uma fonte, o evento corre risco de não ser realizado em Foz, porque a cidade não quer se tornar solidária em caso de o imbróglio explodir. O Fespop só acontecerá em Foz se for privado, por meio da venda de ingressos para pagar as apresentações, revelou uma fonte. No máximo a cidade deve auxiliar na estrutura, com efeito de comemorar o seu aniversário e oferecer atrações culturais ao povo. É o que foi possível apurar. Bom, qualquer programação que Foz inventar levará o público e será bem recebida, independentemente o nome que usarão. Se querem saber, a “Fartal” ainda é bastante emblemática e esperada.
Rogério Romano Bonato escreve regurlarmente ao Almanaque Futuro