A inaceitável intolerância contra brasileiros que buscam trabalhar em outras cidades
Por João Zisman
É profundamente preocupante observar como, em pleno século XXI, algumas pessoas ainda se permitem estabelecer barreiras e restrições a brasileiros que exercem suas profissões em cidades que não são suas de origem. Essa prática, que remete a um pensamento retrógrado e impregnado de preconceito, ecoa um sentimento nazifascista incompatível com os valores de um país miscigenado como o Brasil.
O Brasil, conhecido mundialmente por sua diversidade, acolhimento e tolerância, sempre foi um território de oportunidades para aqueles que desejam buscar uma vida melhor, seja dentro ou fora de suas regiões natais. Essa característica é um reflexo da nossa história, construída por imigrantes de todas as partes do mundo, povos indígenas e descendentes de africanos que moldaram a identidade da nação. No entanto, há quem insista em impor limitações geográficas a conterrâneos que, como qualquer cidadão, têm o direito de exercer sua profissão onde bem entenderem.
Essa atitude, além de ser absurdamente preconceituosa, carrega um abominável ranço de intolerância que não deveria encontrar espaço em um país que se orgulha de sua pluralidade cultural. Ao tentar restringir o direito de um brasileiro a trabalhar em outra cidade, estamos, na verdade, desrespeitando a própria essência do que é ser brasileiro: uma identidade construída na convivência com as diferenças, na mistura de sotaques, tradições e formas de ser.
Os que defendem esse tipo de argumento parecem esquecer que muitos dos nossos maiores talentos saíram de suas cidades e estados de origem para contribuir com o desenvolvimento de outras regiões. Médicos nordestinos atuando no sul, engenheiros do sudeste trabalhando na Amazônia, professores do sul ensinando no nordeste. São histórias de vidas que se cruzam e que enriquecem nosso país, de norte a sul.
A tentativa de impor barreiras regionais só alimenta um ciclo de ódio e segregação que vai na contramão dos avanços civilizatórios. Não é apenas uma questão de injustiça com o indivíduo, mas um ataque ao próprio espírito democrático e humanitário que deveria reger nossa convivência social.
Precisamos repudiar com veemência esse tipo de comportamento e reafirmar nosso compromisso com a liberdade de todos os brasileiros de buscar seus sonhos e exercer suas profissões onde quiserem. O Brasil só será verdadeiramente forte e unido quando entendermos que nossas diferenças são, na verdade, nosso maior trunfo.
Chega de preconceito. Que possamos aprender a celebrar, e não temer, o que é diferente de nós.
João Zisman é jornalista