Não se sabe

No campo criminoso das adulterações, é difícil decidir o que é pior: a intoxicação por metanol — e outros venenos disfarçados — em bebidas ou em combustíveis. Hoje é preciso levar lupa ao supermercado antes de comprar vinho dito “colonial”. Muitos são envasados com tudo, menos uva. Até o aroma é uma combinação de essências. Dependendo do fígado, a ressaca pode terminar no hospital.

 

Bombas ambulantes

Quem conhece bem o metanol faz cara feia só de ouvir falar. O troço incendeia sem chama e queima com fúria. Devia ser reservado a mísseis, não a tanques de combustível. O pior, é inodoro — as pessoas respiram sem saber e, portanto, não se protegem. Diferente da gasolina, do diesel ou do etanol, ele não denuncia o perigo. Quando usado na adulteração de combustíveis, motoristas e passageiros são lentamente envenenados. E quem manipula essa química mortal também não escapa. Frentistas, sobretudo, são os mais expostos. Uma bomba dentro de outra.

 

Congresso

Acontece em Foz o maior encontro de profissionais da medicina bariátrica do país. É nesses eventos que médicos trocam experiências e apresentam as inovações que tornam o setor cada vez mais tecnológico. Sei de pelo menos uns quatro ou cinco “gordinhos” charmosos interessados na programação, de olho em decidir se entram — ou não — na faca. Um amigo me disse que o setor anda ameaçado pelas novas drogas para emagrecimento, mas é fantasia. Cirurgias do aparelho digestivo não tratam apenas da estética, e sim de uma porção de males da vida moderna — essa em que até o pensamento vem com conservante.

 

Agentes patrimoniais

O grupamento quer reconhecimento — e com razão. Na prefeitura, muita gente nem sabe que a função existe. Lembro que, nos meus tempos de serviço público, era preciso terceirizar porque os agentes patrimoniais não davam conta. Arrombamentos em secretarias e autarquias são frequentes: já levaram computadores, equipamentos médicos, televisores, geladeiras, até móveis. A culpa, injustamente, costuma cair sobre a Guarda Municipal, que tem outra missão. Li o documento dos “APs” e notei a falta de um item essencial: o risco de despencar algum pedaço de prédio, já que muitos deles imploram por reforma urgente.

 

Ai, a política…

Francamente, o desempenho de alguns dos nossos nobres representantes é tão pífio que chega a dar preguiça de comentar. A população, por sua vez, parece ter o dedo podre: escolhe mal e ainda se surpreende com o resultado. Em breve, farei uma cobertura mais apurada do setor — afinal, nos aproximamos do fim de um ano pré-eleitoral. E em 2026, pode anotar: o bicho vai pegar.

 

Cadê as listas?

Em outros tempos, nesta altura do ano já pipocavam nomes de supostos candidatos por todos os lados. Vereadores, líderes comunitários, presidentes de associações — todos desfilando com a melancia no pescoço, tentando aparecer. Sabemos que 90% acaba no descarte. O panorama para o ano que vem não é animador: a classe política continua sem conseguir reverter o próprio desgaste. Parece que o marketing perdeu o rumo e a paciência do eleitor evaporou junto.

 

No lixo?

Recentemente, assisti a um show do meu amigo Ivan Lins. Em certo momento, depois de “descarnar” o Congresso Nacional, ele entoou o Hino à Bandeira — cuja melodia é belíssima e, para muitos, merecia ser o próprio Hino Nacional. Poucos conhecem o protocolo de respeito ao nosso símbolo maior: quando uma bandeira se rasga ou envelhece, deve ser incinerada em cerimônia apropriada, nunca descartada. Ontem, andando pelas ruas próximas de casa, vi uma jogada numa lixeira. Doeu. O civismo anda em frangalhos — literalmente. Por favor, cuidem melhor do que ainda resta do nosso respeito.