O transporte é essencial para o desenvolvimento, um direito do cidadão e um dever do estado

Algumas áreas de Foz do Iguaçu, em especial a zona Leste, ainda carecem de linhas de ônibus para atender empresas e comunidades

Hospital novo, cidade em movimento

A inauguração do novo hospital da Unimed na zona leste de Foz do Iguaçu representou muito mais que uma conquista para o setor da saúde suplementar. Foi também um marco simbólico do crescimento urbano e da necessidade de expandir, com inteligência, a infraestrutura pública para acompanhar os novos eixos de desenvolvimento da cidade.

Distância ou progresso?

A cidade já respondeu. É verdade que, no início, houve resistência. Parte da população estranhou a mudança para fora do centro urbano. Mas a aceitação veio com a experiência. Hoje, o grau de satisfação dos usuários é alto, e os benefícios de um atendimento moderno e eficiente compensam — e superam — qualquer impressão inicial de distância. Afinal, o perímetro urbano de Foz, mesmo com sua extensão, é modesto se comparado a grandes cidades. A mobilidade precisa apenas acompanhar esse novo desenho urbano.

Desafios visíveis: vias, luz e transporte

Com o hospital em pleno funcionamento, novos desafios vieram à tona: trechos ainda carentes de iluminação pública — especialmente entre a Avenida República Argentina e as imediações do Bairro do Futuro — e a ausência de linhas regulares de transporte coletivo. A cooperativa tem feito sua parte, mas hoje precisa destinar cerca de R$ 30 mil por mês para transportar colaboradores com carros de aplicativo. Uma estrutura privada não pode — nem deve — substituir o papel do transporte público estruturado.

O crescimento urbano pede sinergia pública

Cerca de 300 colaboradores e 25 mil usuários circulam pela região, sinalizando a transformação definitiva daquela zona da cidade. Incorporadoras e loteamentos estão investindo em infraestrutura de ponta: calçadas, iluminação, redes de água e esgoto, arruamento e conectividade. Clínicas médicas e prestadores de serviço estão adquirindo terrenos. O vetor leste se fortalece e pede atenção integrada do poder público: mobilidade, segurança, iluminação e transporte coletivo.

Hora de planejar o presente olhando para o futuro

A região leste ainda abriga áreas rurais, chácaras e zonas de baixa densidade demográfica. Mas os sinais são claros: o futuro já chegou por ali. Não é mais possível pensar Foz apenas a partir do seu centro tradicional. A Prefeitura, com sua expertise em urbanismo e transporte, tem a oportunidade de liderar esse novo capítulo com medidas planejadas e eficazes. Levar transporte coletivo de qualidade até o novo hospital é, ao mesmo tempo, corrigir um gargalo e investir na cidade que Foz já está se tornando.

Conectar a zona leste: solução está ao alcance

A mobilidade urbana é um dos pilares centrais para o desenvolvimento harmônico de qualquer cidade em expansão — e Foz do Iguaçu vive exatamente esse momento. O crescimento da zona leste, impulsionado por equipamentos como o novo hospital da Unimed e uma cadeia crescente de serviços no entorno, exige respostas rápidas e eficientes. Felizmente, essa não parece ser uma equação complexa de resolver. Segundo especialistas do setor, uma solução técnica simples e eficaz seria a criação de um ramal de transporte coletivo com saída e chegada na Praça da Bíblia. Esse ponto já concentra conexões para outras regiões da cidade, o que facilitaria o deslocamento não apenas de colaboradores e pacientes da Unimed, mas também de moradores e trabalhadores que vivem e atuam nesse novo polo urbano.

Foztrans de olho

A boa notícia é que o tema já está no radar da gestão pública. A superintendente do FOZTRANS e secretária municipal de Transportes e Mobilidade Urbana, Aline Maicrovicz Duarte, que também é advogada e especialista em mobilidade urbana, tem conhecimento da situação e, segundo fontes, está conduzindo estudos para uma solução viável. Seu perfil técnico e visão integrada da cidade são trunfos importantes para que o planejamento acompanhe o ritmo do crescimento. A expectativa é de que uma resposta concreta venha em breve — e que o avanço da cidade seja, mais uma vez, fruto de diálogo, inteligência e ação coordenada.

Entre o desconforto e a responsabilidade pública

Nos bastidores do Legislativo, não são poucos os vereadores que demonstram incômodo diante das cobranças da imprensa e da população sobre a aprovação de benefícios para servidores em cargos comissionados — posições, em sua maioria, de natureza política. Embora não se deva generalizar, há sim parlamentares que divergem dessas decisões, como a concessão de vale-alimentação para quem já recebe entre R$ 11 mil e R$ 19 mil mensais. A questão é menos sobre ideologia e mais sobre coerência. Em ano eleitoral, o discurso da contenção de gastos ganha volume nos palanques. A prática, no entanto, segue um caminho tortuoso. É compreensível que a nova legislatura ainda esteja se ambientando — afinal, nem 180 dias se passaram — mas a expectativa de mudança não aguarda calendário.

A crítica é importante

Antes de se irritarem com a crítica, talvez fosse mais prudente escutá-la. O distanciamento entre representantes e representados tem se tornado abismo, e o contribuinte — que sustenta o sistema — já não camufla sua insatisfação. O recado é claro: mais do que justificar, é preciso servir. Não se trata de direita ou esquerda, e sim da direção que se escolhe para fazer valer o interesse coletivo. Como dizia Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, o homem chega a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

A renovação deve fazer valer

Quando o Poder Legislativo é renovado em bom número isso é a resposta da insatisfação dos eleitores. E se a renovação no fim não se justifica, dando sinais de comodismo ou se mostrando pior que antes, isso causa revolta e se transforma na gota d’água do repúdio. Se o Executivo sofre em razão da herança dos antecessores, não será diferente com o Legislativo. A população, afinal, não diferencia os poderes; para o povo, todos são autoridades e devem ser cobrados. Logo, quando desafinam, pagam com a impopularidade.

Renovação política exige mais que novos rostos

A renovação de cadeiras no Poder Legislativo é, quase sempre, um sinal claro de insatisfação popular. Quando o eleitor decide por mudanças significativas, envia um recado direto: é preciso fazer diferente. No entanto, quando os novos representantes seguem velhas práticas — ou pior, tornam-se ainda mais distantes da realidade social — a frustração se aprofunda, e o sentimento de traição política ganha força.

A voz do povo

A população pode até não dominar os detalhes institucionais, mas distingue bem o que funciona e o que decepciona. Na prática, o cidadão não faz distinção formal entre Legislativo e Executivo: todos são autoridades e, como tal, devem respostas à coletividade. A cobrança é uniforme, e a impopularidade, inevitável, quando há desalinho entre promessa e entrega. Por isso, a responsabilidade de quem assume um cargo eletivo não termina no juramento de posse — ela começa ali. Renovar não é pintar a fachada: é reconstruir o pacto de confiança com a cidade, com a ética pública e com o interesse comum. Como advertia Bertolt Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não sabe que o custo da vida, o preço do feijão, do aluguel, do remédio, dependem das decisões políticas.”

Sem paixões, com responsabilidade

À medida que o governo municipal completa seus primeiros 180 dias, é inevitável reconhecer que ainda carrega, colado na sola dos sapatos, os resíduos incômodos da administração anterior; um chicletão bem pegajoso. Não há mágica que apague heranças mal resolvidas, tampouco glamour que disfarce o atraso em áreas estratégicas. Enquanto isso, o Legislativo se divide: a oposição faz o barulho que lhe cabe, e parte da base aliada ora defende, ora pressiona — talvez percebendo que o desgaste de um recai, mais cedo ou mais tarde, sobre todos. Para quem observa com atenção, não são poucos os vereadores da própria base de sustentação do prefeito que têm cobrado resultados mais concretos. E não por espírito de rebeldia, mas por puro instinto de sobrevivência política. Afinal, a panela de pressão popular não escolhe ideologia na hora de ferver.

Questões de comportamento

Alguns optam pelo silêncio conveniente. Outros, no entanto, têm se manifestado com coerência e objetividade. É o caso do vereador Bosco Foz, que recentemente levantou um ponto que clama por solução há décadas: as recorrentes inundações na Avenida Morenitas. Sua postura é um exemplo de como se pode — e se deve — exercer o mandato com foco no cotidiano real da cidade, sem devaneios ideológicos, sem miopia partidária.

Organizando a voz

Na sessão do dia 17 de junho, o vereador Bosco Foz protocolou o Requerimento nº 396/2025, solicitando informações detalhadas à Prefeitura sobre os recorrentes alagamentos na Avenida Morenitas, região sul de Foz do Iguaçu. O documento apresenta quatro questionamentos objetivos, que vão desde a existência de um plano específico de contenção, até o cronograma de obras de drenagem para o bairro. A iniciativa surgiu após novos episódios de inundações em 5 de junho, mesmo com ações paliativas como limpeza de bueiros. Para Bosco, é hora de abandonar improvisos e encarar a realidade com soluções técnicas definitivas.

Fiscalizar é legislar — e a população agradece

Mais que um ato político, o requerimento de Bosco se alinha com uma cobrança antiga da comunidade: “Os moradores seguem pagando seus impostos, mas vivem com medo de cada nova chuva. Isso é inaceitável”, disse o vereador em tribuna. Ele reforçou que a Prefeitura deve apresentar um diagnóstico técnico com planejamento e prazos, além de responder aos questionamentos com documentos oficiais. A exigência por respostas não é retórica — é uma postura que dignifica o papel do Legislativo. E, curiosamente, parte justamente de um aliado da base do governo.

Um aliado que incomoda positivamente

Quem diria? É um parlamentar governista quem vem se destacando como um dos mais atentos à realidade das ruas — e em todas as regiões da cidade. A atuação de Bosco Foz na cobrança por infraestrutura na zona sul revela que legislar bem não significa fazer oposição sistemática, mas representar de forma honesta quem paga a conta pública. Como ensinava o jornalista Francisco de Alencar, “nunca elogie demais alguém a ponto de não poder criticá-lo amanhã”. Mas também não se deve silenciar diante de um trabalho que honra os contribuintes. Afinal, o verdadeiro compromisso político não é com o partido — é com a cidade.

Há espaço para todos

Que não se iludam os nobres edis: todos estão sendo observados. Haverá tempo — e espaço — para analisar com serenidade o desempenho de cada um, gostem ou não das conclusões. O que importa, no fim, é que a cidade avance. Um bom feriado a todos — com reflexão e serviço público à altura dos votos que receberam.

Rogério B0nato escreve regularmente ao Almanaque Futuro