Aula de ingLês, discussão de gênero, cultura americanista, decidam, por favor…
Em sua coluna, Rogério Bonato aborda os efeitos causados na confecção de uma cartilha para alunos do ensino básico
O prefeito e o motor invisível
“Égua! O que é isso, ação não palpável”, questionou um leitor, com ares de indignação. Explico: governar é como reformar o motor do carro sem tirar ele da garagem. A atual gestão resolveu fazer revisão geral no sistema: mexer em organograma, ajustar engrenagens, correr atrás de recursos, costurar ações futuras, e lubrificar a máquina pública. Só que isso tudo é interno, não sai fumaça nem solta foguete. É ação que não se vê e que prende a roda. O problema é que boa parte da plateia só acredita no serviço se tiver foto de inauguração com fita cortada. Enquanto isso, o General segue no estilo “silêncio de oficina”. Tomara haja combustível — e a paciência dos passageiros.
A oposição que amava uma lupa
É divertido ver certos opositores criticando um governo que ainda nem esquentou o banco. São os mesmos que, quando estavam no poder, gastaram dois anos trocando lâmpada e três tentando entender como ligar a máquina de xerox da Prefeitura. Agora, transformaram a lupa em metralhadora retórica, como se o mundo fosse mudar em 180 dias. Barbaridade. Esquecem que o atual prefeito não é mágico nem influencer, mas um general com vocação para mecânico: desmonta, revisa e só depois encara a pista. A diferença é que hoje tudo vai agitar as redes sociais. No passado, era só fofoca de esquina.
A varinha mágica do povo afoito
Ah, os impacientes: Já querem o São João pronto com fogueira acesa, quentão servido, quadrilha ensaiada e shows do outro mundo. Exigem soluções instantâneas como se governar fosse apertar botão de micro-ondas: 3 minutos e aparece uma cidade nova, sem buracos e com flores nos canteiros. A má notícia é que obra invisível não ganha curtida, mas ajuda no futuro. Mas tente explicar isso a quem acha que “ação pública” é só aquilo que aparece no Instagram da Prefeitura?
Mel na chupeta
A população é sábia: sem rodeios, pergunta: “por que esse cara quis ser prefeito, achou que era só chupar mel?” Pois é, a política atrai quem descobre, depois de eleito, que a chupeta tem caroço. No fim das contas, as ações “não palpáveis” são aquelas que não brilham, mas sustentam o espetáculo. E, por ironia, quando o gestor faz esse tipo de coisa, apanha. O povo quer gol, não treino tático. Mas sem treino, meu amigo, é goleada certa — contra.
João Paulo II, enfim
Nesta terça-feira, por volta das 18 horas o novo trecho da avenida passou a funcionar, encurtando o caminho entre a Av. Felipe Wandsheer até as vias República Argentina e Costa e Silva. A obra iniciou na gestão passada, no regime de compensação o que é um avanço na realização de muitas demandas. Foi assim, inclusive, na ligação da General Meira com a Avenida das Cataratas, dando vazão à Avenida Safira. O trecho inaugurado ontem é uma inovação na pavimentação urbana de Foz, todo concretado, um sonho de muitos gestores, sobretudo em se livrar o asfalto. O piso de concreto é muito eficiente e seguro para os motoristas, porque é mais abrasivo e resistente à formação de buracos. É também de fácil manutenção. A Avenida João Paulo II é uma reivindicação antiga e integra várias localidades.
Avenida João Paulo II, enfim concretada
Literalmente e simbolicamente. Foi só no fim da tarde desta terça-feira, por volta das 18h, que o novo trecho da Avenida João Paulo II passou, finalmente, a receber tráfego. A liberação encurta significativamente o caminho entre a Avenida Felipe Wandscheer e os eixos da República Argentina e Costa e Silva — um alívio viário aguardado há anos. A obra, iniciada na gestão anterior, foi realizada sob o regime de compensação, modelo que tem viabilizado importantes intervenções urbanas em Foz do Iguaçu. Foi assim também na integração da Avenida General Meira com a Avenida das Cataratas, por meio da Safira — e o novo trecho segue esse padrão de avanço técnico e urbanístico: todo em pavimento de concreto. Trata-se de uma inovação no cenário viário local, rompendo com a velha dependência do asfalto. O concreto, além de mais resistente à ação do tempo e ao tráfego pesado, apresenta maior aderência, segurança e facilidade de manutenção.
Concretização
A entrega da João Paulo II concretiza, com o perdão do trocadilho, um sonho antigo de diversos gestores e moradores. A via agora cumpre seu papel integrador entre bairros e corredores estratégicos da cidade. Com isso, além de fluxo, ganha-se eficiência — e, por que não dizer, um pouco de justiça histórica para uma avenida que por muito tempo foi promessa.
Idioma estrangeiro, infância nativa
Aprender inglês é abrir uma janela para o mundo. Mas quando se está nos primeiros anos da escola, o mundo ainda é, para muitas crianças, um quintal com árvores, uma sala cheia de lápis de cor e perguntas simples como “por que o céu é azul?”. Não há nada mais legítimo do que ensinar uma nova língua, ainda mais num mundo globalizado — mas quando o exercício linguístico atravessa a soletração básica para apresentar temas de identidade e relacionamento afetivo, o debate muda de tom. Não se trata de censura nem de retrocesso, mas de entender que os pequenos não são laboratórios para grandes dilemas da vida adulta. O respeito começa por reconhecer a hora certa de cada tema.
O “Valentine’s Day” bate à porta do 2º ano
Em Foz do Iguaçu, uma cartilha da rede pública traz duas meninas como “namoradas” num exercício de leitura em inglês. Pode ser um reflexo da cultura americana, pode ser uma tentativa de naturalizar o afeto em suas múltiplas formas. Mas para muitas famílias, foi também o estopim para uma série de dúvidas infantis: “Menina namora menina?” – perguntam, inocentes. A resposta pode ser dada com respeito, mas também levanta outra pergunta: “Era mesmo a hora disso na aula de inglês?” Uma coisa é contextualizar feriados americanos. Outra, bem diferente, é antecipar um debate complexo sem a devida mediação emocional. Ensinar exige sensibilidade. E timing. Ou será que vão querer introduzir Kant na aula de Educação Física?
Entre o book, a girl e o bom senso
Já não basta que o “boy” tenha virado “partner” e o “book” venha com nota de rodapé sobre diversidade: agora as cartilhas importam o debate de gênero junto com o vocabulário. Em vez de revisar os verbos irregulares, estamos corrigindo os rumos da pedagogia. Não se trata de rejeitar o afeto entre pessoas do mesmo sexo, mas de discutir se a alfabetização em outro idioma deve ser a porta de entrada para essas discussões. E mais: será que estamos ouvindo os psicólogos, os educadores, os pais? O problema nunca foi a diversidade. O problema é o improviso pedagógico. Criança precisa de chão firme para crescer — não de um salto social em terreno instável. As cartilhas começaram e ser recolhidas e a Secretaria de Educação se debruçará sobre o assunto, informou a secretária de Educação Silvana Garcia.
Educação não é laboratório de tensões culturais
O vereador Bosco trouxe o debate. Concorde-se ou não com ele, o mínimo que se espera de uma sociedade madura é que o tema seja tratado sem gritaria e sem carimbos morais prontos. Ensinar uma nova língua a uma criança de 5, 6, 9 até 11 anos é tarefa delicada: estamos falando de cérebros em formação, corações que ainda desenham o mundo como uma aquarela cheia de unicórnios saltitantes. O pluralismo é valor civilizatório, mas a imposição prematura de temas que exigem maturidade emocional pode mais confundir do que incluir. Não é prudente usar a infância como campo de prova para esses debates mal compreendidos até pelos grandões. É preciso garantir que a escola forme cidadãos, sim — mas sem esquecer que antes disso, ela forma pessoas. E que essas pessoas, no caso, são crianças. Certamente voltaremos ao assunto.
Felipe Gonzalez: uma vida dedicada ao Turismo
Na semana passada, a Câmara Municipal prestou uma justa homenagem aos profissionais que movimentam o trade turístico de Foz do Iguaçu — e entre os reconhecidos estava meu amigo Felipe Gonzalez. À frente de um grupo empresarial altamente articulado, ele é figura central em projetos que moldaram o setor nas últimas décadas. Uma das empresas sob sua liderança, a Cassinotur, completa 40 anos em 2025, mantendo-se ativa em diversas frentes e renovando sua vocação para inovação.
Homem de visão
Mas Felipe vai além do gestor: é um visionário. Muitas das ideias que hoje florescem em nossa cidade — com frutos visíveis no turismo receptivo, na integração regional e no desenvolvimento econômico — têm sua origem em sementes plantadas por ele, com dedicação e olhar estratégico. Fica aqui o meu abraço ao amigo de longa data, cuja trajetória continua inspirando novas gerações de empreendedores. (Foto)
Aviso: é meu aniversário…
… mas calma, não precisa cantar parabéns em voz alta. Pois é, 4 de junho chegou. Ele sempre chega — feito boleto no fim do mês — e muita gente parece mais preocupada com a data do que o próprio aniversariante aqui. Idade? Não me afeta. Quer dizer… só quando o espelho resolve ser sincero demais ou quando o joelho range. Mas vamos em frente! O que me motivou a escrever esta nota foi a quantidade de amigos que ligaram um dia antes pra dar os parabéns. Tá valendo! Aliás, sou do tipo que aceita felicitações atrasadas, adiantadas ou no modo “só passei para dar um alô”. O que importa é ser lembrado. Ah, e aos que perguntaram: sim, continuo aceitando presentes — inclusive em forma de pix, torta de chocolate ou café com boa conversa. Aceito até um jogo de amortecedores novos para o meu Land Rover (dianteiros, traseiros e os sensores junto). Que venham mais voltas ao sol… com bom humor e menos chatices!
Gastando papel comigo mesmo
Confesso: hoje estou usando este nobre espaço para falar de mim. Ou melhor, das repercussões inesperadas que surgiram depois que ousei escrever sobre… bonecas reborn! Sim, elas mesmas. As de silicone, que dormem de olhos abertos e choram sem motivo — quase como certos políticos, só que mais simpáticas. O texto gerou uma avalanche de pitacos: teve quem riu, quem concordou, quem se indignou e até quem sugeriu que eu deveria me ater à política, aos escândalos, aos sarneados da vida. Mas, sinceramente? Já tem gente demais escrevendo sobre Brasília e os bastidores de todos os poderes. Aqui a gente também fala das trivialidades geniais da existência. E por falar nisso, a Simone — boneca de estimação da Eliane, presente de infância — levou uma portada no guarda-roupa e fraturou o bracinho de vinil. Tentei consertar, colei com super bonder e rezei um Pai Nosso, mas não teve jeito. A peça ressecou, como a paciência de certos leitores. Só deixo claro: não corri com ela para o pronto-socorro, viu? Simone está estável, em observação no fundo do closed, e deve receber alta em breve. Vida que segue — com ou sem braço.
Dia 5 de junho: o meio ambiente… e o meu pai
Dia do Meio Ambiente. Data importante, claro — aquela em que lembramos que a Terra não é só um lugar para a gente passar, mas para cuidar, como se fosse nossa avó idosa: precisa de carinho, paciência e menos . Mas para mim, essa data tem outro significado. Em 5 de junho, meu saudoso pai, Benito Romano Bonato, completaria 94 anos. Partiu há 16, mas deixou marcas fundas — no coração da família e no solo aqui de casa, onde ele plantou dois ipês roxos. Árvores imensas, que de tão próximas parecem, de vez em quando, dar as mãos. E todo ano, nesse mesmo dia, choram flores roxas como se soubessem. Vai entender? É como se o céu lembrasse com pétalas o que a gente tenta guardar só com a memória. E aí penso: que coisa linda é essa conexão entre natureza e afeto. Entre raízes na terra e raízes da gente. Meu pai por aniversariar um dia depois de mim, vivia dizendo: “quando você acerta, é o melhor presente de aniversário que ganhei. Quando apronta, é castigo antecipado!” Brincava, mas tinha fundo de verdade. E fundo de amor. E assim celebro os ipês, o planeta… e o homem que me deu o chão — e o senso de humor para continuar caminhando. Saudades, seo Benito. Muitas saudades.
Rogério Romano Bonato é jornalista e escreve com frequencia para o portal Almanaque Futuro