Seriam cinco os períodos fundamentais e o atual estágio é considerado a sexta etapa em que se registra desenvolvimento no setor
Desde os primórdios há interesse pela geografia e paisagens naturais da região de Foz do Iguaçu, considerada o berço da civilização Guarani. Em busca do Tekoá, os povos nativos encontraram uma terra repleta de dádivas, com grandes rios, solo fértil, clima agradável em todas as temporadas, caça, pesca e cercada por gigantescas quedas d´água, o que lhes servia como proteção natural. O paraíso estava situação no encontro dos rios Iguaçu e Paraná.
Com forte espiritualismo, os nativos acreditavam que havia um propósito para tudo o que lhes era oferecido e, por isso, contemplavam a natureza com muitos agradecimentos.
As incursões colonizadoras, levaram para a Europa notícias de um novo mundo repleto de riquezas, recantos paradisíacos, com ouro e prata abundantes e até as míticas fontes da juventude. A Foz do Rio Iguaçu tornou-se rota para quem pretendia alcançar Assunção, a primeira cidade mais ao Norte e Oeste, formada depois da expulsão dos espanhóis de Buenos Aires. As rotas eram percorridas por terra, no transcontinental e milenar caminho de Peabiru, e, por mar, até o Estuário do Prata e depois subindo o Rio Paraná. O acesso foi assim utilizado durante séculos, até a formação dos primeiros povoados em “terras avançadas”.
Puerto Victória, hoje Puerto Iguazú, na Argentina, foi a maior cidade da região entre os séculos XIX e XX, onde foi planejado um formidável entreposto comercial para o extrativismo da erva-mate. Olhando para a proteção ambiental e também o potencial turístico, os argentinos emanciparam a área das Cataratas no ano de 1.900. Buenos Aires se despontava como a cidade mais atraente para os europeus abaixo da Linha do Equador. As relações entre brasileiros e argentinos demandaram a demarcação da fronteira e em 1903, quando foram erguidos os marcos. As populações passaram a se cumprimentar por meio de acenos, na distância entre as margens do Rio Iguaçu, fechando assim o “primeiro período” de reconhecimento do Turismo com atividade.
Alberto Santos Dumont, uma personalidade mundial, visitava a capital da Argentina e interessou-se em confirmar o esplendor que tanto ouvia falar sobre as Cataratas do Iguaçu. Lhe foi mostrada uma folha de “daguerreotipo” produzida pelo pesquisador e naturalista Moisés Santiago Bertoni. Dumont resolveu empreender viagem para conferir de perto as maravilhas. Sabendo de sua visita, moradores de Foz do Iguaçu foram busca-lo do outro lado do rio. É assim o início do “segundo período”.
Na época, era necessário organizar expedições para se chegar até as Cataratas do Iguaçu e antes, pedir permissão ao proprietário da área, um uruguaio de nome Jesus Val. Muitos ainda se espantam em saber que foi Santos Dumont quem brigou pela emancipação da área, atravessando as selvas paranaenses até Curitiba, para encontrar o presidente do Estado Afonso Camargo. O resultado foi o decreto 653, declarando a área de “utilidade pública” em 1916. Anos depois, sob força de uma caneta presidencial, Getúlio Vargas criou o Parque Nacional do Iguaçu, em 1939. Os argentinos já contavam com a reserva federal quatro anos antes.
E foi nos anos 30 que a atividade do turismo passou a gerar inclusive receita em Foz, com a implantação de uma “taxa de visitação”. Como uma parcela da arrecadação era revertida para a construção da Santa Casa de Misericórdia, o responsável pela obra, o padre Guilherme Maria Thiletzek, se encarregava de imprimir até os materiais publicitários para a divulgação dos atrativos, e, com isto, elevar os repasses. Depois de assumir a prelazia é que se tornou um “monsenhor” e deu nome ao hospital.
Por volta daqueles tempos começaram a pousar os aviões na cidade e com isto, foi construído o primeiro aeroporto (1941), próximo de onde é hoje o centro de Foz. Eleanor Roosevelt desembarcou na pista de grama, em 1944 e quando viu as Cataratas do Iguaçu exclamou a célebre frase “Poor Niagara!”. A visita ocorreu na plenitude da Segunda Guerra Mundial; Franklin Delano Roosevelt morreria meses depois.
A rede hoteleira foi recebendo estabelecimentos familiares e espaços mais luxuosos como o Hotel Cassino (1938) e o belíssimo Hotel das Cataratas (1958). No mesmo espaço de tempo, o Parque Nacional recebeu obras estruturantes como o Portal, residências e a administração, ao lado da Usina no Rio São João.
O “terceiro período” nasceu nos anos 60, com a inauguração oficial da Ponte da Amizade (1965); foi aberta a BR 277 (1968/69) e houve o início de várias obras de infraestrutura como o traçado da BR 469. Antes, para se chegar até as Cataratas, utilizava-se a Estrada Velha; vários trechos pavimentados com pedras rejuntadas ainda existem, encobertos pelo mato.
Os anos 70, 80 e 90, em verdade, pontuam o “quarto período”, importante na propagação dos atrativos, a começar pela indústria cinematográfica, ajuda eficiente em convencer realezas, políticos poderosos e celebridades a desfilarem pelos cartões postais. O Aeroporto Internacional foi inaugurado em 1974, como suporte à construção de Itaipu Binacional, iniciada em 1975. A cidade passou a hospedar autoridades e visitantes de quase todos os continentes. O setor de Turismo passou a se organizar por meio de várias entidades patronais e sindicatos, com a chegada de mais empresas de receptivos, hotéis, bares, restaurantes e serviços.
Com Itaipu, Foz deu um salto populacional, nasceram novos bairros e isso implicou em um novo plano urbanístico, com a abertura de várias avenidas importantes. Foi quando explodiu o turismo de compras, fortalecendo as cidades fronteiriças no Paraguai e Argentina, ocasionando muito movimento nas zonas primárias. Em 1982 formou-se o reservatório da usina, dando origem ao Lago de Itaipu; em 1985 passou a funcionar a Ponte Tancredo Neves; o Parque Nacional foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade (1986). Na mesma década passaram a funcionar o Ecomuseu e o Centro de Recepção de Visitantes em Itaipu. Os cassinos se firmaram no Paraguai e Argentina; o Centro de Convenções recebia eventos feiras e congressos; surgiram os primeiros atrativos temáticos, como o Parque das Aves (1995).
Antes da virada do milênio, os atrativos de Foz eram reconhecidos e comercializados em todas as partes, e a cidade se destacava como um dos maiores polos hoteleiros do país. Mas a linha que separa os períodos históricos no Turismo ainda estava por se ressaltar. Isso foi acontecer em 1999, com um certame que privatizou os serviços de visitação no Parque Nacional do Iguaçu. Os anos que se seguiram foram de superação de metas e quebras de recordes.
Da Redação
Fotos de arquivo histórico