Mercado Público Barrageiro: o sonho antigo que virou casa de memória e encontros
Mercado Público Barrageiro: o sonho antigo que virou casa de memória e encontros
Redação Almanaque Futuro
Um mercado público em Foz do Iguaçu era, há muitos anos, um desejo recorrente da população. Em uma cidade turística, acostumada a receber visitantes do mundo inteiro, faltava um espaço capaz de reunir, sob o mesmo teto, sabores, artesanato, história e identidade local.
Ao longo do tempo, autoridades e iniciativa privada ensaiaram projetos, visitaram terrenos, elaboraram propostas. Nada, porém, parecia corresponder plenamente ao conjunto de expectativas afetivas e urbanas que esse sonho carregava.
A memória dos iguaçuenses sempre retornava à antiga Cobal, na Vila A de Itaipu. Nos anos 1980, aquele galpão era ponto de abastecimento e, ao mesmo tempo, um lugar de encontros. Gente vinda de todas as regiões do país para trabalhar na construção da hidrelétrica encontrava ali produtos que lembravam sua terra, ingredientes para uma culinária plural e, sobretudo, um ambiente de convivência aos sábados pela manhã, embalado por música ao vivo e longas conversas entre amigos. Essa lembrança teimosa, quase uma saudade coletiva, reacendeu o desejo de recuperar o espaço e lhe dar novo significado.

Anos de estudos, projetos e obras transformaram o antigo endereço da Cobal no Mercado Público Barrageiro, inaugurado em novembro de 2024. O nome é um gesto de reconhecimento aos milhares de trabalhadores que ergueram a usina, muitos deles moradores da própria Vila A. O mercado ergue-se sobre um chão carregado de histórias: ali se alimentavam aqueles que, com esforço diário, ajudaram a fazer de Itaipu uma das maiores geradoras de energia limpa do planeta. Hoje, esse tributo se materializa em murais monumentais — na fachada, a arte de Eduardo Kobra; no interior, o painel do artista iguaçuense Pas Schaefer — que dão rosto e cor aos operários da barragem e reforçam o sentimento de pertencimento.
Com mais de 50 boxes, entre comerciais e sociais, o mercado reúne restaurantes, cafeterias, docerias, empórios, hortifrúti, produtos da agricultura familiar, artesanato e cooperativas. A estrutura climatizada, acessível e confortável foi concebida para ser, simultaneamente, atrativo turístico e espaço cotidiano — acolhendo desde o morador que faz a compra da semana até o visitante que deseja experimentar a cultura da Tríplice Fronteira pela mesa, pela arte e pelo encontro.
O Mercado Público Barrageiro nasce, portanto, como mais que um equipamento comercial. Ele costura passado e presente ao recuperar a memória da Cobal, valorizar os barrageiros e abrir espaço para pequenos produtores, cooperativas e empreendedores. Entre música, exposições, feiras e um circuito cultural permanente, o antigo galpão se converte em casa de histórias e convivências. Um sonho antigo da cidade que, enfim, ganhou portas abertas, luz própria e vocação para se tornar parte inseparável da identidade iguaçuense (Foto de Sara Cheida/Itaipu Bonacional e Arquivo de Itaipu).
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