O desafio de transformar grandeza em destino, e assumir o protagonismo que o mundo já enxerga
Com números recordes, novos atrativos, obras estruturantes e a força de Itaipu e seus roteiros ambientais, Foz vive um ponto de virada histórico. Mas, para ser um destino global completo, precisa qualificar a experiência urbana, integrar seus produtos turísticos e envolver a comunidade na construção de um futuro à altura de seu potencial.
Redação Almanaque Futuro
Foz do Iguaçu encerra 2025 como um dos destinos turísticos mais vibrantes do país. Os números comprovam: o Parque Nacional do Iguaçu caminha para fechar o ano acima de 2,4 milhões de visitantes; o AquaFoz, recém-inaugurado, já se tornou estrela da temporada; o Marco das Três Fronteiras vive sua melhor fase; e o Parque das Aves segue como referência mundial em conservação e turismo de natureza. A somar-se a esse conjunto, parques temáticos em operação e outros em estudo projetam uma expansão contínua da oferta turística.
A Itaipu Binacional, que sempre foi o “segundo cartão-postal” da cidade, firma-se agora como um eixo estruturante do turismo regional. Seus roteiros ambientais — como o Refúgio Biológico Bela Vista, o Ecomuseu, a Iluminação da Barragem e os circuitos de pesquisa e conservação — ganharam visibilidade nacional e internacional, ampliando a diversidade de experiências e reforçando a vocação de Foz para o turismo científico, educacional e sustentável. A crescente demanda pelo turismo religioso também se destaca: o Templo Budista, a Catedral Nossa Senhora de Guadalupe e a Mesquita Omar Ibn Al-Khattab convivem harmoniosamente, oferecendo uma das maiores rotas espirituais do país. No turismo rural, propriedades estruturadas para vivências agropecuárias e gastronômicas atraem famílias, escolas e visitantes que buscam contato com a vida no campo, fortalecendo a economia dos distritos e ampliando a permanência dos turistas.
A hotelaria mantém desempenho sólido, com taxa média de ocupação acima de 70%, enquanto novos empreendimentos são avaliados e outros ampliam sua infraestrutura. Tudo isso impulsiona o tempo médio de permanência, que se aproxima de 4 noites — indicador decisivo para transformar atrativos isolados em um destino completo.
Mas o velho dilema permanece: Foz é uma cidade turística ou apenas uma cidade com grandes atrativos? Um destino consolidado oferece experiência total — mobilidade inteligente, transporte eficiente nos eixos turísticos, iluminação qualificada, segurança percebida, acessibilidade, gastronomia diversificada, informação clara e atendimento acolhedor. E, sobretudo, integra sua comunidade ao turismo.
Em Foz, ainda falta esse elo. Falta uma campanha permanente de conscientização, que ensine a valorizar o visitante e mostrar ao morador que turismo é renda, emprego e prosperidade. Falta qualificar quem trabalha na ponta: motoristas, vendedores, garçons, guias, recepcionistas. Falta transformar hospitalidade em identidade local.
As obras estruturantes, entretanto, pavimentam o caminho para a virada definitiva. A duplicação da BR-469 — eixo vital entre o Aeroporto, o PNI, o AquaFoz e os hotéis — reorganiza o fluxo viário e promete uma experiência muito mais fluida ao visitante. A nova Ponte Brasil–Paraguai e a Perimetral Leste retiram o tráfego pesado da malha urbana, devolvendo mobilidade e segurança tanto ao turista quanto ao morador. É um conjunto que moderniza a cidade e a aproxima dos padrões internacionais de destinos concorrentes.
Ainda assim, a conectividade aérea precisa avançar. A ampliação da pista do Aeroporto Internacional garantiu capacidade para voos diretos de longa distância, mas eles ainda não chegaram. Sem conexões regulares com América do Norte e Europa, Foz permanece dependente dos hubs de São Paulo e Rio, reduzindo competitividade e limitando o alcance do turismo internacional de alto padrão.
Outro ponto crítico é a falta de campanhas integradas entre poder público, trade e comunidade. Grandes destinos só crescem quando existe planejamento conjunto, metas anuais, estratégias de marketing robustas, busca contínua por novos voos, qualificação massiva da mão de obra e políticas de longo prazo que ultrapassem gestões.
E é justamente aqui que Foz precisa ousar: não pode sonhar menos do que seu potencial real. É uma cidade trinacional, dona de uma das Sete Maravilhas Naturais, referência mundial em energia limpa, biodiversidade e turismo sustentável; um polo religioso, científico, rural, gastronômico e cultural; um mosaico único no planeta. O mundo já reconhece Foz como destino global. Resta à cidade reconhecer a si mesma — e construir, com união e visão estratégica, o futuro que já bate à porta.
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