Onde o futuro repousa: a engenharia silenciosa que transforma resíduos em proteção ambiental
CTR de Foz do Iguaçu reúne tecnologia, monitoramento e inovação para dar destino seguro aos resíduos e preservar o entorno.
Muito antes de ser reconhecido como ferramenta ambiental, o aterro sanitário nasceu como resposta ao caos urbano. Foi no século XVIII, na Europa, que surgiram as primeiras tentativas de organizar o descarte de resíduos e reduzir surtos de doenças. A ideia amadureceu ao longo dos séculos — da iniciativa alemã em Berlim, ainda em 1797, até as primeiras operações brasileiras no início do século XX. Hoje, após regulamentações, pesquisas e avanços tecnológicos, o país soma mais de 2,5 mil aterros sanitários estruturados, segundo o Ministério do Meio Ambiente. É nesse cenário que se destaca a atuação da Vital Engenharia, referência nacional em saneamento e responsável pela operação da Central de Tratamento de Resíduos de Foz do Iguaçu.
A CTR local simboliza uma virada histórica. Durante décadas, o município conviveu com “lixões” improvisados, especialmente no setor sul, próximo ao aeroporto, onde tudo era descartado sem qualquer critério técnico. Não havia isolamento do solo, drenagem de chorume ou controle de biogás — e os impactos eram graves: contaminação de águas, riscos à saúde de trabalhadores e degradação ambiental. O novo modelo, operado pela Vital, rompeu definitivamente com essa lógica.
Instalada na região norte, a Central de Tratamento ocupa cerca de 21 hectares e combina engenharia de ponta com monitoramento permanente. São mais de 82 mil metros quadrados de área ativa e outros 143 mil m² já encerrados, formando um sistema que recebe, em média, 86 mil toneladas de resíduos por ano. A estrutura foi desenhada para operar até 2039, embora esse horizonte dependa do crescimento da geração de resíduos.
O funcionamento é rigoroso e segue padrões internacionais: os resíduos são acomodados em células compactadas, que recebem diariamente uma nova camada de solo para evitar odores, vetores e exposição indevida. O piso do aterro é protegido por geomembranas de PEAD, material altamente resistente, combinado com solo compactado, formando uma barreira contra a infiltração de contaminantes. Paralelamente, sistemas independentes coletam o chorume — que passa por tratamento por osmose reversa, produzindo um efluente seguro, reutilizado em veículos, equipamentos e na contenção de poeira.
A operação também captura o biogás gerado pela decomposição dos resíduos. Esse gás, antes visto como problema ambiental, passa a ser tratado e direcionado para projetos de aproveitamento energético, transformando um passivo em ativo sustentável. A vegetação igualmente faz parte da engenharia: uma cortina verde de eucaliptos circunda o aterro, ajudando no isolamento físico, na estabilização do entorno e na mitigação visual.
Todo o sistema é acompanhado por programas de monitoramento contínuo da qualidade de águas subterrâneas e nascentes próximas, garantindo que o aterro opere em consonância com as normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Estudos avançados também avaliam formas de recuperação progressiva das áreas encerradas, ampliando o potencial ambiental da unidade.
Essa complexa engrenagem dá forma a um serviço que, embora pouco visível no dia a dia, sustenta a saúde pública e a vida urbana. O que chega como resíduo sai como responsabilidade ambiental. E, nas mãos de especialistas, o aterro sanitário deixa de ser apenas o destino final — torna-se parte essencial de um modelo de cidade que cuida do presente sem comprometer o amanhã.
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