O Orçamento de 2026 e a responsabilidade de Foz: o dinheiro é público e a cobrança também

Audiência pública do PPA e da LOA expõe a necessidade de vigilância, participação e eficiência no uso dos recursos que saem do bolso do cidadão.

Redação Almanaque Futuro (Com foto de foto e informações do Legistaltivo). 

Foz do Iguaçu entra nesta semana em um daqueles momentos decisivos que, muitas vezes, passam despercebidos pela correria do cotidiano, mas determinam a vida da cidade por inteiro. A Câmara de Vereadores realiza, nesta quarta-feira (19), às 9h, a audiência pública para apresentar o Plano Plurianual (PPA) 2026–2029 e a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 — dois instrumentos que não são meros documentos burocráticos, mas a engrenagem que move toda a máquina administrativa. Ali se define o que será feito, o que fica para depois e, principalmente, como e onde o dinheiro público será aplicado.

A presidente da Comissão Mista, vereadora Anice Gazzaoui (PP), reiterou a importância da participação popular. Não é apenas um chamado protocolar: em tempos de orçamentos bilionários, a presença do cidadão deixa de ser opcional e passa a ser uma exigência ética. Planejar o futuro da cidade não é assunto restrito a técnicos e vereadores; é uma responsabilidade que atravessa toda a sociedade.

Um plano de quatro anos que molda o amanhã

O PPA, apresentado no Projeto de Lei 262/2025, estabelece metas e prioridades para o período de 2026 a 2029. Ele define o rumo da gestão. Seus principais eixos incluem a construção do Centro Cívico, o avanço do projeto Beira Foz, a ampliação da infraestrutura cicloviária, a modernização da iluminação pública, a interligação de vias estruturantes e o Programa Foz na Palma da Mão, que aponta para uma cidade mais digital, integrada e eficiente.

Na prática, o PPA responde à pergunta: “Que cidade queremos ter daqui a quatro anos?”
E ainda mais importante: “O que estamos dispostos a fazer — e a cobrar — para chegar lá?”

Um orçamento que revela prioridades

Se o PPA projeta, a LOA materializa. O Projeto de Lei 263/2025 apresenta um orçamento para 2026 no valor de R$ 2,682 bilhões, distribuídos em pessoal, custeio, investimentos, previdência, dívidas e reservas. A saúde absorve R$ 553,9 milhões; a educação, R$ 494,4 milhões; obras e infraestrutura, R$ 222 milhões; meio ambiente, R$ 116,5 milhões; segurança, R$ 79,2 milhões; o Instituto de Transporte e Trânsito, R$ 102,1 milhões; e o conjunto previdenciário municipal soma R$ 428,5 milhões.

É um volume gigantesco, e aqui cabe uma verdade incômoda, porém inevitável:
todo esse dinheiro sai do esforço do contribuinte.
São impostos pagos com suor — e, se não forem pagos, o cidadão enfrenta a Justiça, sem margem para negociação. Por isso, a aplicação desses recursos não pode ser vista como favor da administração; é uma obrigação constitucional. A eficiência no gasto público não é um luxo: é um dever moral. Quando a conta não fecha, quando o retorno não chega, o contribuinte se exaspera — e com razão.

O cidadão como guardião do orçamento

A audiência pública é o momento em que a sociedade pode — e deve — perguntar:

  • Estamos investindo onde mais falta?

  • As prioridades tecnológicas vão de fato modernizar o serviço público?

  • A previdência municipal está sendo tratada com responsabilidade?

  • Mobilidade, saúde e educação estão recebendo o necessário para suportar o crescimento da cidade?

  • Há equilíbrio entre custeio e investimento?

  • O orçamento é suficiente para concretizar as metas do PPA?

Participar é mais que um direito: é o antídoto contra o mau uso do dinheiro público. Quando o cidadão se ausenta, o orçamento fica entregue a interesses que nem sempre representam a sociedade. Quando participa, torna-se fiscal e guardião do bem comum.

Planejar com transparência é governar com responsabilidade

O orçamento de R$ 2,68 bilhões não é apenas um número — é a expressão do tamanho da responsabilidade de um município que cresceu, diversificou sua economia e exige políticas públicas à altura. A cidade só avança quando o dinheiro público retorna em forma de saúde eficiente, educação de qualidade, ruas seguras, mobilidade funcional, espaços públicos bem cuidados, digitalização, infraestrutura moderna e visão estratégica.

É disso que trata a audiência desta quarta-feira: do futuro imediato e do futuro ampliado.
Do que será feito com o que a população entrega religiosamente ao poder público.
Da confiança — frágil, mas necessária — entre quem arrecada e quem paga.
E do compromisso que a cidade precisa assumir consigo mesma: gastar bem, planejar melhor e devolver ao contribuinte aquilo que é dele por direito.