Antes de se tornar o colosso que mudou a história energética da América do Sul, Itaipu era nome de pedra e de canto. Na língua guarani, Itaipu significa “a pedra que canta” — referência ao som que a água corrente produz ao tocar certas formações rochosas no leito do Rio Paraná.
Quando Brasil e Paraguai decidiram explorar de forma conjunta o potencial hidroelétrico desse trecho monumental do rio, era indispensável conciliar soberanias, interesses e sistemas jurídicos distintos. Assim nasceu o mais bem-sucedido exercício de engenharia diplomática do continente, capaz de construir, sobre o entendimento bilateral, uma das maiores obras civis do planeta.
Para definir o local exato da barragem, recorreu-se ao que havia de mais avançado em engenharia civil, geologia e hidrologia à época. Os estudos técnicos foram conduzidos por um consórcio internacional de altíssimo nível, formado pela empresa norte-americana International Engineering Company (Ieco) e pela italiana Eletroconsult (ELC), com suporte dos melhores quadros técnicos dos dois países. Foram anos de sondagens, análises geotécnicas e hidrológicas até que o trecho conhecido como a Ilha de Itaipu se confirmasse como o sítio ideal.
Ali, o Rio Paraná descia entre barrancas de basalto maciço, o que favorecia o aproveitamento máximo da queda hidráulica, a formação de um reservatório estável e garantia segurança estrutural à barragem. A regularidade da vazão e o relevo compatível reforçaram a decisão.
Apesar de concebido em uma época de consciência ambiental ainda incipiente, o projeto buscou minimizar os impactos socioambientais.
As áreas destinadas à inundação eram em boa parte já degradadas pelo extrativismo e pela agricultura de subsistência. O plano incluiu reassentamentos e a criação de cinturões florestais que mais tarde dariam origem às atuais áreas protegidas de Itaipu.
Erguida sobre a “pedra que canta”, Itaipu completou 51 anos sem desafinar — exemplo de longevidade operacional, segurança técnica e solidez institucional. Monumento à engenharia e à diplomacia, a usina segue produzindo energia e integrando dois países pela força de um rio e pela harmonia entre técnica e política.
Mas este novo ciclo exige mais. A transição energética global, os desafios climáticos e a gestão hídrica sustentável impõem um reposicionamento estratégico. Itaipu se adapta e se reinventa, com foco em inovação tecnológica, responsabilidade ambiental e segurança energética para o Brasil, o Paraguai e o planeta.
Este suplemento especial do Almanaque Futuro é mais do que um marco comemorativo: é um balanço jornalístico das ações atuais, dos projetos em andamento e do futuro que começa agora. Porque Itaipu é mais do que uma usina — é uma visão em movimento, impulsionada pela energia da água e pelo compromisso com as próximas gerações.
Veja o PDF do Suplemento Especial de Aniversário de Itaipu Binacional – 51 Anos.