Hoje é sabado e tudo pode, até para quem não pode!
Em sua coluna, Rogério Bonato comenta as diatribes políticas, a titulação honorária e o diabo das Tasmânica fazendo um redemoinho em Foz.
O calendário vira a folha
Pois entramos em fevereiro, que barbaridade! Se o resto do ano passar rápido como janeiro, Papai Noel faz estacionar no Carnaval e ficar até dezembro, para economizar renas. É piscar e estaremos em outro mês. E hoje é sábado! Vamos entregar o espaço para os devaneios e análises estrambólicas de vários assuntos, com toda a liberdade que nos foi concedida, com trilha sonora do Raul Seixas e Mamonas Assassinas! Bom dia!
Títulos e condecorações
Vamos tratar dos assuntos incondicionalmente: a vereadora Yasmin resolveu propor a diminuição das sessões solenes e entregas do “Título de Cidadão Honorário” e “Cidadão Benemérito” na Câmara Municipal, reduzindo, ao longo da Legislatura, de oito para apenas dois atos por parlamentar. No entanto, para um leitor (pediu para não ser identificado), a atitude é preconceituosa e “tira o povo da Câmara”. A vereadora precisa se cuidar para não ser vista como a Maga Patalógica da cidade, ou a Madame Min. Bom, certamente ela escolheria a Maga…
Explicando
Na visão do nosso valoroso leitor, “com a sessões ordinárias e extraordinárias praticamente vazias, com exceção de alguma votação que envolva servidores ou grupos específicos, os eventos solenes são os que realmente lotam a Casa de Leis. Grupos religiosos de matriz africana, população LGBT, mães e pais de autistas, coletivos de juventude e movimentos sociais seriam os maiores prejudicados com a ação da vereadora Yasmin, uma vez que somente nessas oportunidades eles podem ‘tomar’ as dependências da Câmara”.
E ainda…
“Também ficariam prejudicados com a proposta da Yasmin as famílias históricas da cidade, que viam as solenidades como forma de homenagear pessoas relevantes que já estão idosas…”, diz H.P.L.S.
Este colunista pensa o seguinte
As honrarias quando justas, são bem assimiladas pela população. Então vamos fazer as contas: se cada vereador pode propor até oito homenagens ao longo da legislatura, teríamos então 120 sessões solenes, sem contar as moções de aplauso, eventos de reconhecimento, dentre outras. Com uma população de 250 mil habitantes, os destaques serão atendidos, sem muitos problemas.
Regulação
O que decerto a vereadora propõe é regular as homenagens, sem que elas se tornem massivas e por isso, deixem de oferecer o brilho necessário aos homenageados. Com tantos títulos, corre-se o risco de a população honorária superar a nativa, porque a “benemérita” pode ser, já foi superada. Cidadão Honorário é, em geral, quem veio de outra cidade, estado ou país e realizou coisas importantes em Foz. Os primeiros astronautas a pisar na Lua, por exemplo, nada fizeram por Foz e foram agraciados com o título. Se bem que fizeram algo interessante pela humanidade. Há, entretanto, pessoas agraciadas e que não são tão conhecidas, mas que trabalharam muito, até anonimamente em favor da sociedade. Os “beneméritos” são os que fazem as mesmas coisas boas, mas nascidos na cidade.
Critérios
Se alguém acredita que um título de honorabilidade é entregue sem critérios, se engana. A honraria precisa da assinatura dos demais vereadores e muitas solenes são por unanimidade. Aconteceram vários casos de indicação e recusa, o que acabou deixando homenageado na saia justa e o vereador pagando o mico. No fim das contas a Yasmin está trabalhando um tema interessante, onde podem acabar economizando um bom dinheiro, porque as honrarias custam nos cofres públicos. Mas vamos combinar, homenagear é institucionalmente saudável e ajuda a elevar a estima da população. Certa ocasião, homenagearam uma socialite e houve, por tabela, uma grande distribuição de renda, porque as madames, no afã de prestigiar a amiga, lotaram os salões de beleza, compraram sapatos, bolsas e dava para sentir o perfume na Câmara e duas quadras de distância!
O povo quer…
…que os vereadores fiscalizem, cobrem, levantem os problemas das comunidades e façam o arroz e o feijão, sem tantas festas e homenagens. Mas há também o “fator reconhecimento” e como bem lembrou o leitor anônimo, isso ajuda e ocupar o plenário do Legislativo. A população sabe cobrar mas participar que é bom, isso é difícil.
Ideia espetacular
Não faz muito tempo, alguém procurou este colunista com uma proposta muito original e, inusitada: com a falta de um teatro em Foz, e a Câmara sempre vazia, poderiam emprestar o plenário para apresentações cênicas, aí sim o público compareceria. Sim, mas, e a política? Neste caso, os vereadores poderiam encenar os espetáculos, cada um fazendo o seu monólogo e quem sabe, as bancadas formassem pequenas companhias? Amigos, pensando bem, isso já acontece. O que precisam cuidar é não converterem a Casa de Leis em Circo, porque já chegou bem perto disso, com a performance de alguns palhaços. Mas vamos respeitar a instituição, com decoro e ética, porque o Poder Legislativo é que constrói esse caminho, naturalmente, quando faz valer a vontade do povo e devolve a confiança aos eleitores. Isso sim é o que vale.
Adriano Monanc
Hoje é sábado e pode ser, haja espaço na coluna para esse tipo de comentário. Eu conheço esse piá pançudo, o Adriano, desde os tempos que ficava enchendo o saco de quem passava em frente sua casa, na Rua Marechal Floriano. Fui bastante amigo de seus pais e esses dias recordei o dia em que fui pedir um piano emprestado para a professora Glória, que era a diretora do Colégio Bartolomeu Mitre. O Adriano estava por lá, voando pelos corredores e rabiscando as paredes do recinto. Era inquieto por natureza. Logo, seu jeito de lidar com a coisa pública em nada me admira. Assisti ao filme antes mesmo de ele assumir.
Eletricidade
O Adriano, hoje “autobatizado” como Monanc, é movido por uma energia que poucos possuem. Só sabem como isso se manifesta, os que são iguais a ele, os hiperativos. Não é defeito coisa nenhuma, mas requer paciência. Por isso, quando o Adriano se move, balança as cristaleiras. E ele sacode também o coreto, porque as pessoas não estão acostumadas com isso quando o assunto é o manejo da “coisa pública”. É o “Taz”, o demônio da Tasmânia, dos desenhos animados, na vida real. Durmam com isso! Ele vai dormir tarde, pula da cama de madrugada, envia mensagens para o mundo, não se contém dentro do corpo e assim atravessa o dia. Agora, na diretoria de Cultura da Fundação Cultural, está mais ativo que nunca e ajudou a aumentar a venda de Maracujina e outros calmantes fitoterápicos. Quem visitar o Dalmont Benites verá um vidro e uma colher, em cima da mesa. Certamente o General Silva e Luna e os secretários Áureo Ferreira e João Zisman dão uns goles no xarope toda a vez que escutam a voz do Monanc.
No início
Quando o General Silva e Luna, em novembro do ano passado (2024), confidenciou a este colunista que daria uma chance ao Monanc, três palavras surgiram de imediato: “ai…ai…ai…”. Mas aqui entre nós, a nomeação além do mais, foi um ato de coragem, porque o Adriano é um ser ímpar, daqueles que é amado e odiado na mesma proporção. E ele “chegou chegando”. Em verdade estava trabalhando desde o exato momento em que saiu o resultado da eleição. Trabalho antes para ajudar a eleger o amigo, obvio e, assim, sentiu-se mais livre para o novo exercício, além das telas e pincéis, o que ele sabe manusear muito bem, porque é um inegável talento das artes gráficas e plásticas.
Vamos olhar com calma
Adriano é impulsivo, inquieto, travesso, e, tem suas qualidades. Está no caminho certo em seu mais novo ofício, fazendo o que em geral, as pessoas não são chegadas no exercício público: reconstituir, refazer, arrumar, revitalizar o que há, no lugar de simplesmente sepultar e encerrar. Monanc começou com a Feirinha da J.K, conversando com os artesãos, comerciantes, devolvendo o que havia meio se perdido, “a arte”. De cara, levou para lá a Orquestra Filarmônica e fez um agito que há muito não faziam; diz que vai fazer um coreto e manter uma programação de artistas locais, com música, literatura e exposições. Paralelamente quebra a cabeça para emplacar o Carnaval, o que é sempre um desafio para os governos em fase de inauguração, e já está falando em Feira do Livro, Festival de Teatro, em criar espaços para shows, como as várias pedreiras desativadas pela cidade; quer uma arena ao lado da Feirinha; está conversando com todos os segmentos que produzem a “cultura”. Faz a lição de casa. Isso por si é um grande mérito.
Quem não gosta?
Em geral, as coisas são mais acomodadas, as pessoas se desconfortam com as sacudidas e solavancos; o mundo não gosta de pegar no tranco. É justamente aí que o Monanc incomoda. Além do mais, ele incorpora o jeito desbocado e por isso arranja encrenca o tempo todo, mas é preciso entender e assimilar que está trabalhando e muito. É preciso dar um desconto e separar as coisas e, quem sabe, colaborar com o ambiente, antes de simplesmente criticar.
Críticas?
Em tempos de polarização e as caixinhas de surpresas eleitorais, o cidadão precisa de doses de conformismo, do contrário não viverá em paz. De alguma forma é preciso se encontrar com o índice de felicidade. O caso é que os governos completam hoje um mês e ainda é muito cedo para a carga de exigências da população. Em Foz ainda secretários tomando pé da situação, uns nem conseguiram visitar toda a estrutura. A fobia nas redes sociais é algo que beira o perturbador e quem responder, se assenta em meio ao fogo cruzado. Como dizia a vovó deste colunista, “minhoca esperta não atravessa o galinheiro”. O “minhocão” Monanc precisa parar de bater boca nas redes sociais defendendo os ideais. Passou o tempo para esse tipo de coisa. No mais, a população e a fauna radical eletrônica deve ajustar a percepção e entender que as pessoas foram nomeadas e precisam trabalhar. Adiante é que vamos saber se precisam sair ou devem continuar. No caso da Cultura, a troca é ruidosa, com a possibilidade de tirarem um chato e colocarem um bem pior. Vamos corrigir: Adriano não é chato, é só fora da casinha para tentar fazer as coisas sem recursos e em início de governo.