Do biogás à mobilidade elétrica: Itaipu Parquetec lidera a transição energética no País

A transição energética nas propriedades rurais trouxe benefícios ambientais e economia aos produtores, incrementando suas rendas e incluindo uma nova fonte de energia em suas cadeias produtivas.

Desde 2006, a Itaipu apoia a transição energética com o início dos programas de Energias Renováveis (ER) e Mobilidade Elétrica Sustentável. Tais iniciativas se fizeram necessárias diante da preocupação com a grande concentração de produção de proteína animal nos municípios próximos ao reservatório da usina.

A Região Oeste do Paraná é fortemente dedicada à agropecuária, especialmente quando ocorre a conversão de proteína vegetal em animal, com o cultivo de milho e soja integrado à produção de carne de aves, suínos e laticínios. São atividades de alto impacto ambiental, especialmente pela produção de dejetos que, se não forem devidamente tratados, acumulam-se nos rios e, em última instância, no reservatório da Itaipu, contribuindo para a eutrofização do lago e para a produção de gases do efeito estufa.

A empresa entendeu que as iniciativas, além de evitar a descarga dos efluentes, ajudariam no conhecimento sobre a transformação desse passivo ambiental em um ativo econômico: o biogás.

O biogás é uma mistura de gases composta principalmente por metano e dióxido de carbono, obtida normalmente pelo tratamento de resíduos orgânicos, por meio do processo de biodegradação anaeróbia, ou seja, com a ausência de oxigênio.A geração de energia a partir da biomassa basicamente consiste em aproveitar o biogás liberado pela matéria orgânica em decomposição – em biodigestores – para movimentar motogeradores capazes de suprir a demanda energética de uma propriedade rural por completo ou, ao menos, abastecê-la durante o horário de ponta, quando os custos da energia são mais caros.

Assim, além de fomentar uma solução para a destinação desses resíduos, Itaipu Binacional iniciou um processo de transição energética nas propriedades, trazendo inúmeros benefícios ambientais e econômicos aos produtores, incrementando suas rendas e incluindo uma nova fonte de energia renovável e riqueza na cadeia produtiva.

Com a comprovação da viabilidade ambiental, técnica e econômica, em diferentes escalas de produção, a Itaipu se uniu a outras 15 instituições e criou, em 2013, o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás, ou CIBiogás, com sede no Itaipu Parquetec. O CIBiogás é uma instituição científica, tecnológica e de inovação, dedicada ao desenvolvimento do biogás como recurso energético limpo e competitivo, com o objetivo de promover o mercado de energias renováveis.

Na competência de centro de referência, o CIBiogás atua no desenvolvimento da cadeia de biogás, visando aumentar a oferta e participação do biogás na matriz energética brasileira. A energia gerada pelo Biogás é uma realidade!

Com o fomento da Itaipu Binacional, o CIBiogás foi responsável por projetos de implantação, monitoramento e melhorias em sistemas de produção de biogás, com foco no desenvolvimento sustentável do biogás e outras rotas, como o biometano, onde se destacam a Unidade de Demonstração de Biogás e Biometano de Itaipu (UD Itaipu), inaugurada em 2017, por meio do projeto de mobilidade para abastecer a frota de veículos da Itaipu, com o gás gerado a partir do tratamento dos resíduos orgânicos dos restaurantes do complexo de Itaipu. Ao todo, o biometano captado lá já abasteceu mais de 84 veículos.

Até 2023, a UD Itaipu tratou mais de 620 toneladas de resíduos, além de cerca de 40 mil metros cúbicos de biometano, possibilitando que os veículos rodassem 481 mil km, o equivalente a mais de dez voltas ao mundo, contribuindo para a sustentabilidade com a redução de emissões provocadas por combustíveis fósseis.
Ainda em 2023, iniciou-se uma operação assistida, que consiste no tratamento de dejetos de mais de 41 mil animais, criados por 15 produtores da região. Esse material é transformado em biogás para geração de energia elétrica. Também serão produzidos, no mesmo local, 330 metros cúbicos de digestato (biofertilizante), que serão distribuídos para os próprios suinocultores e a comunidade em geral. O projeto contou com investimento de R$ 19 milhões da Itaipu Binacional.

Neste contexto, o CIBiogás atua como um importante player não apenas para a utilização do biogás no meio rural, mas no processo de transição energética em diversos segmentos da economia, além de atuar fortemente em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação para adoção de novas rotas tecnológicas para o biogás, como os combustíveis sustentáveis.

Em 2024, a Itaipu Binacional, em parceria com o CIBiogás e demais instituições, inaugurou a primeira planta piloto do Brasil para a produção de petróleo sintético (Biosyncrude) a partir de biogás, com foco na geração de combustível sustentável para aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF). Instalada na Itaipu Binacional, a planta foi projetada para produzir 6 kg por dia de biosyncrude, uma mistura de hidrocarbonetos criada a partir de biogás e hidrogênio verde, destinada à produção de SAF. O processo utiliza até 50 metros cúbicos normais por dia (Nm³/d) de biogás gerado na unidade de Produção de Biogás da Itaipu.

Muito antes de ser uma realidade ao consumidor, Itaipu já desenvolvia o veículo elétrico e, por meio do programa Itaipu Mais que Energia, a Binacional anunciou o financiamento de 42 veículos elétricos e o mesmo número de postos de abastecimento para prefeituras das regiões Noroeste e Sudoeste do Paraná. Atualmente, o veículo elétrico é uma realidade acessível ao consumidor, mas Itaipu já estava preocupada com o tema muito tempo antes, desde 2006, quando implantou o Programa VE (Veículo Elétrico) em parceria com a KWO (Kraftwerk Oberhasli), empresa suíça de energia. O objetivo era promover a eficiência energética, a preservação do meio ambiente e o uso racional dos recursos naturais por meio do desenvolvimento de veículos movidos a energia elétrica e tecnologias similares, o que inclui infraestrutura de abastecimento e sistema de armazenamento de energia, dentro do conceito Smart Grid.

Em parceria com empresas públicas, privadas e instituições de pesquisa, foram desenvolvidos veículos elétricos de passeio, caminhão elétrico de pequenas cargas, miniônibus 100% elétrico, o primeiro ônibus elétrico híbrido a etanol, off-road elétrico, avião elétrico tripulado, eletropostos, sistemas de compartilhamento de veículos, entre outros. Nas atuais linhas de pesquisa do Programa VE estão o Sistema de Armazenamento de Energia para instalação em comunidades isoladas (ilhas e áreas que não dispõem de rede elétrica), Sistema de armazenamento de energia com inversores híbridos e painéis solares para operação “on-grid” e “off-grid”, além da Bateria de Sódio Nacional e do projeto do Ônibus Elétrico Híbrido a Etanol (OEHE). Nos testes de desempenho, dentro da usina de Itaipu, o OEHE foi capaz de reduzir em 80% as emissões de CO2 em relação ao ônibus diesel.

A Itaipu também apoia e financia projetos de energia solar fotovoltaica em áreas rurais e urbanas em todo o Estado do Paraná, por meio do programa Itaipu Mais que Energia, da gestão de bacias hidrográficas e do auxílio eventual para instituições filantrópicas. Além de apoiar o desenvolvimento de novas fontes renováveis, Itaipu dá segurança ao sistema elétrico em um contexto de crescimento dessas novas fontes, em especial, a solar e a eólica.