Histórias de vida e coragem dos trabalhadores que construíram Itaipu

O processo de seleção foi realizado em várias cidades; muitos deixaram o trabalho em outras empresas e acreditaram no destino e em Itaipu.

Osmar Reis da Silva foi operador de perfuratriz, um profissional que trabalhou com máquinas de perfuração, escavação e corte de rocha durante a construção da usina. Natural de Coqueiral (MG), Osmar e a família mudaram-se cedo para o Paraná, em Vera Cruz do Oeste, onde souberam das notícias sobre a construção de Itaipu.

Ele e os cinco irmãos, que trabalhavam em lavoura, não pensaram duas vezes e vieram para a cidade em busca de melhores condições de vida. “O trabalho na roça era muito difícil, então a gente ouviu falar da Itaipu. Eu vim primeiro, depois meus irmãos, e aí trouxemos a família toda”. Osmar e os cinco irmãos trabalharam na obra. Ele foi efetivado no dia 14 de maio de 1977 e trabalhou até janeiro de 1983.

“A empresa precisava de funcionários, então foi muito tranquilo conseguir o emprego. Entrei como ajudante geral e depois fui promovido a escavador. Era um trabalho muito difícil e perigoso, era fazer escavação debaixo de rocha, pendurados. Trabalhávamos dia e noite, fazíamos hora extra, mas eu sou grato até hoje por essa oportunidade”, conta o ex-funcionário, hoje com 84 anos.

Com o encerramento dos trabalhos em Itaipu, Osmar voltou para Vera Cruz, mas o amor por Foz do Iguaçu já era grande e o retorno foi quase imediato. Ele construiu família em Foz do Iguaçu, teve seis filhos, sete netos – todos vivendo na cidade e a maioria reside até hoje Vila C, bairro que abrigou ele e os irmãos durante a construção da usina.

Juvenício Carvalho de Almeida tinha 25 anos quando viu, em um jornal de São Paulo, o anúncio de duas páginas convidando trabalhadores para a construção da maior hidrelétrica do mundo. Recém-formado como eletricista industrial pelo SENAI e em busca de um emprego fixo, ele foi até a praça onde acontecia a seleção dos trabalhadores e no mesmo dia, fez as malas para Foz do Iguaçu. Era 1977 quando Juvenício chegou à cidade e se instalou por definitivo.

“Sou do Tatuapé, em São Paulo. Aquele grande anúncio me chamou atenção e quando busquei os agenciadores, eles me ofertaram um salário três vezes maior do que eu ganhava, além de casa, comida e melhores condições de vida. Fiz as malas e vim”, conta.

Quando chegou, era só alegria e entusiasmo, relembra o ex-funcionário de Itaipu. “Viemos num ônibus lotado e fomos direto para o canteiro de obras. Ficamos no Hotel Diplomata nos primeiros dias e depois no alojamento. Passei também pela área 5 em Presidente Franco (PY), pela Vila C e Vila A. Foram, ao todo, 13 anos em várias funções na área elétrica”.

Juvenício se casou na cidade, teve seus quatro filhos e hoje, aos 72 anos, é com alegria que ele conta sua história com Itaipu. “Itaipu preparou para que os funcionários não tivessem problemas de saúde. A comida era excelente, os agentes de saúde aplicavam vacinas, cuidavam de tudo. Dentro do canteiro de obras tínhamos um centro comercial, inclusive com a banca do Caruso que vendia livros e revistas. Nada nos faltava”, afirma. De 2010 a 2016, Juvenício atuou como monitor de turismo na Itaipu.

Antônio Silveira da Silva, 75 anos, tem uma história inusitada com a cidade. Natural de Tubarão, em Santa Catarina, ele estava viajando para São Paulo em busca de emprego, quando uma situação o fez mudar os rumos. Era dezembro de 1975 quando o futuro barrageiro de Itaipu chegou em Foz.

“Naquela época, não tinha ônibus direto de Tubarão até São Paulo, então tinha que ir até Florianópolis e lá pegar outro ônibus. Quando cheguei em Florianópolis, encontrei um pessoal que estava vindo pra cá e me falaram que era só chegar e começar a trabalhar. Quando eu cheguei e recebi casa, comida, estudo e trabalho, pensei que esse era realmente o meu lugar”.

Antônio atuou por 14 anos na usina, casou, formou família e se considera um cidadão de Foz do Iguaçu. “Eu gosto demais dessa cidade, eu adoro Foz do Iguaçu. Meus filhos nasceram aqui e essa é a minha casa”. Antônio atua como monitor de turismo atualmente em Itaipu.
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