Café da manhã com o Enio Verri; a Certidão do Paulo Mac Donald; um adeus ao Álvaro Martins…

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Café e explicações

Em geral, o café é coado em casa bem de madrugada, ainda escuro e com a intenção de escapar do calor. A rotina mudou nesta sexta-feira, diante de um irrecusável convite participar do café e ouvir o DGB de Itaipu Enio Verri. Foi um evento agradável, com deslocamento em ônibus elétrico fresquinho até uma das áreas na barragem; onde saíam os passeios de navio. No percurso muita gente pensava alto: porque veículos assim não estão nas ruas de Foz do Iguaçu, carregando o povo. Bom, isso um dia vai acontecer.

 

Pela ordem

Seguindo o roteiro do evento, andar no veículo experimental 100% elétrico foi uma pauta agradável. Além de confortável e seguro, os jornalistas que fizeram o percurso ficaram sabendo que o protótipo tem autonomia de 220 km; mais 20 km de reserva; abastece as baterias em menos de três horas e 05% da carga é acumulada no processo de rodagem. Trata-se de um dínamo automotivo. O ônibus ajuda no transporte dos funcionários de Itaipu. Isso faz parte do roteiro de testes.

 

Enio explica bem

Como sabemos e, acompanhamos, a missão de Itaipu não é pequena; é a usina que pode segurar a barra no fornecimento de energia no Brasil em caso extremo de necessidade, por sua imediata resposta de geração. Mas o DGB falou mesmo do compromisso social e ambiental, temas que são pautados pelo governo federal em todos os programas energéticos. O diferencial é que a Binacional continua chamando a atenção do planeta. É uma grande lição de sustentabilidade, de sua construção aos dias atuais, devolvendo muito mais ao meio ambiente se comparado ao que retirou.

 

Anexo C

O encontro do Enio com a imprensa foi muito técnico, bem mais que político. Ele explicou que as coisas mudaram bastante neste período, porque os presidentes do Brasil e Paraguai chamaram para si a negociação do Anexo. O assunto passou a ser de governos e não da empresa. Logo, uma demanda assim requer agenda, tempo, planejamento diplomático e muita cautela na tomada de decisões. É uma negociação que ainda nem começou para valer; tudo o que sabemos faz parte das análises bilaterais. Só depois de agosto, setembro, outubro teremos um delineamento das ações. Não é uma tarefa simples.

 

Os royalties

O repasse não acabará como andam espalhando; continuará igual ou será reajustado, pode ser para menos e até mais, dependendo a argumentação. Isso fará parte do pacote de discussões.

 

Ponderação

Enio defendeu sim a posição institucional do governo ao qual faz parte, mas passou longe da política. Conseguiu ser simpático até com o ex-presidente Bolsonaro, quando falou do papel da Binacional e de suas responsabilidades.

 

Sem apoio

Itaipu não apoiará candidatos. O DGB mandou o recado claramente. A participação dele, pessoal, são outros quinhentos pois é político, petista, dificilmente se ausentará de um momento tão importante. Mas se alguém pensa em passar o chapéu no período eleitoral pode tirar o cavalo da chuva. Arrisca levar corridão de ganso. No geral foi bom um contato com os veículos de comunicação. Houve empatia e informalidade. Para mudar o assunto, basta lembrar que o café, os quitutes, sucos e bocaditos estavam ótimos!

 

 

Vai, Paulo, vai…

…sai do Podemos e entra de vez no PP! Agora pode! E pensa bem porque a parada não será fácil, pelo menos como imaginam. Além do mais, já tem gente de olho na recente decisão tentando reverter. Eita que essa vida de querer ser prefeito de Foz não é fácil! Obvio que o antes sempre é mais complicado que o depois…mudar de partido, disputar vaga, enfrentar eleições… se vencer é só partir para o abraço da torcida e, governar. Se perder, começa tudo de novo. Paulo, voa para a Toscana, esquece a política, escreva livros, apoie gente nova, faça palestras! Bom, pensar que ele vai cair nessa? O Corvo desperdiça palavras. Paulo será candidato até em chuva de canivetes. E é assim que gosta.

 

O texto

O Desembargador Ramon de Medeiros Nogueira inicia o texto da sua decisão assim: “Tendo em vista o teor do acórdão de mov. 80.1 e os fundamentos da petição de mov. 103.1, em especial a urgência pelo risco de perecimento do direito ante a proximidade da data limite (6.4.24) para pretendida filiação do autor a partido político, defiro o pedido formulado na petição…”. Aparentemente normal, mas causou certa agitação nos bastidores em Foz, tanto na revisão do processo, como para entender melhor o tal acordão. Os opositores fizeram os advogados trabalhar de madrugada. Isso tem explicação, o lado contrário andava espalhando que isso não existia e que não passava de invencionice política. A Justiça concedeu ao Paulo uma larga e bem pavimentada avenida e ele se prepara para transitar.

 

O dia da mudança

O Paulo Mac Donald estava em Curitiba e de lá conversou com este escriba. Foi quando falou em adiar a festa de filiação que preparavam para ele, ou seja, o ato de assinatura no PP. Antecipou também que a mudança da data é para 22/03, sexta-feira da semana que vem. No amanhecer de ontem surgiram rumores de que a ficha já estava para ser assinada; havia gente de plantão no cartório eleitoral acompanhando o cumprimento da decisão do desembargador. E faz tempo que o Paulo não tinha uma certidão dessas hien? Passaram foi sebo nas canelas, antes que algo atrapalhe. Tudo nos leva a crer que haverá apenas um ato será simbólico, com direito aos rojões! Que sejam sem estampidos! Veja a imágem da decisão abaixo:

Malabarismo

Francamente, esse exercício cansa, não deveria ser tão complicado assim. Alguns políticos mais parecem artistas de circo, se equilibrando no arame. É difícil imaginar de onde pessoas bem resolvidas e ricas, inventam de entrar em saias justas o tempo todo. Não é uma vocação fácil de ser explicada. Mas fazer o que?

 

Sâmis

O ex-prefeito, remanescente do clã Silva está na mesma trilha do Paulo Mac, deve tentar uma liminar e de algum modo, atucanar o processo eleitoral. Segundo dizem os mais próximos, ele não deve trocar de partido, até porque isso ainda não é possível, e, parece que está bem acomodado no PSDB. O partido aliás, promete uma onda de reestruturação; sua estrela maior, o ex-governador e deputado Beto Richa, não se mudará para outra legenda.

 

Enfim a Justiça

O STF formou maioria para absolver um morador de rua preso por 11 meses no advento do 8/1. O coitado viu a movimentação, ficou curioso e acabou embarcando na canoa furada. Passou um perrengue na prisão, se engalfinhando com bolsonaristas. Que situação.

 

Alvaro Martins

A cidade ainda está muito abalada com a morte do radialista, pudera, ele mantinha uma legião de amigos. Foi uma figura ímpar e em muitos sentidos, um batalhador nato, destemido e, antes, parceiro de grandes iniciativas, seja em causas sociais, como até mesmo em eventos carnavalescos, como a fundação do Bloco Meninas Veneno. Álvaro era muito centrado em tudo o que fazia, mas o seu ponto de irreverência era admirável. Sabia fazer as coisas e unir as pessoas. Difícil entender como ele foi nos deixar. São os desafios que a vida nos impõe, lamentavelmente. Não faz muito tempo encontrei o “Caipira” e, na troca de muitas lembranças, deu para sentir que estava feliz e confiante. É triste saber de sua despedida. Vários amigos se manifestaram e publicarei a seguir uma singela homenagem de letras, assinada pelo amigo Beto Maciel, e, dedicada ao nosso querido Álvaro.

 

Retired

 

Antes que a decrepitude alcance

vou me retirar e vestir aquela roupa puída

e ficar na cama sem tomar banho por uma semana.

 

Antes que mais dentes caiam da minha boca

vou para de falar já que é difícil escandir

as palavras que ninguém entende mais.

 

Antes que meus inimigos tenham pena de mim

vou me retirar e continuar praguejando tudo

que vejo de forma odienta.

 

Antes que a pessoa que amo

e que não está nem aí para

a minha obsessão, vou me retirar

maledicente de toda mentoria .

 

Antes que a nova variante me atinja

e me deixe estático e entubado na UTI

de um hospital qualquer, vou me retirar

para meus delírios próprios que até

eu não consigo entender.

 

Antes que um mal súbito ou um AVC

sequela minha mente e me deixe

babando em frente de todos, vou

me retirar para a insignificância

desta vida aqui na terra.

 

Antes que tenha que dar

mais alguns trocados por

um mísero momento de prazer,

vou me retirar para o submundo

dos filmes pornôs de ais, oh nos e fuck-me.

 

Antes que meus problemas neurológicos

me joguem numa cadeira de rodas

e que os médicos de olhares incrédulos

prescrevam mais uma bateria de 50 mil exames,

vou me retirar para meu infortúnio,

esperando a morte dilacerar

a construção dos meus sonhos.

 

Antes que acabe minha ruindade

e que a bondade prevalece,

vou me retirar dos discursos

vazios, cheios de clichês agourentos.

 

O que me resta, meus amigos, é

esse desafiante mal estar procrastinado,

essa afasia atávica, minha angústia

e ansiedade que erodem meu corpo

todos os dias até o fim.