A campanha “Cadê o teatro?” desencadeia uma discussão importante no cenário cultural em Foz do Iguaçu, importante destino turístico, mas que carece de estruturas com é o caso de um teatro municipal, adequado às demandas realizadas por grupos na área da dramaturgia e outros movimentos.
Esta mobilização, amplamente disseminada nas redes sociais, também busca a criação de um espaço versátil, capaz de abrigar diversas formas de manifestações artísticas, seguindo o exemplo de outras cidades paranaenses que já desfrutam desses benefícios. Nesse contexto, artistas e professores têm se unido em prol dessa causa, usando camisetas brancas com a emblemática frase da campanha: “Cadê o teatro?” Eles enfatizam a importância de um local apropriado para apresentações culturais, argumentando que isso poderia democratizar ainda mais o acesso à cultura na região.
Juca Rodrigues, diretor presidente da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, reconhece que existem espaços para eventos na cidade, mas ressalta que ainda assim se faz necessário um ambiente físico com características de um teatro. Isso é um ponto crucial a ser considerado, uma vez que um teatro municipal não apenas proporcionará espaço para apresentações artísticas, mas também desempenhará um papel fundamental na promoção da cultura e no desenvolvimento da identidade. “A luta por esse espaço já vem de anos, com vários setores da população questionando a ausência de uma estrutura que muito bem poderia se tornar uma ferramenta a mais para o destino, tanto para o setor cultural como na área de eventos e congressos, uma vez que os órgãos públicos sempre precisam recorrer aos empreendimentos privados, sempre que promovem reuniões e apresentações” ressalta Juca. Hoje a sala Antônio Cabral de Mendonça, no edifício da Fundação Cultural é um dos poucos espaços públicos para reuniões, eventos e palestras realizadas pelo órgão e prefeitura de uma maneira em geral.
O Teatro Barracão, localizado na Praça da Bíblia, na Avenida República Argentina, no bairro Jardim São Paulo, é um dos prédios na lista de reconhecido como patrimônio cultural em Foz. A estrutura foi construída no início da década de 1990 e é um projeto padrão, replicado em cidades como Maringá e Cascavel. Entre 2004 e 2009, o teatro reduziu as atividades, pois precisou de manutenção e reformas, como reposição de parte do palco e troca de telhado; de 2020 até meados de 2021, teve o movimento reduzido em detrimento da pandemia.
O projeto original do Teatro Barracão surgiu de uma colaboração entre a Secretaria Estadual da Cultura, a Fundação Teatro Guaíra e prefeituras municipais. Na época, a ideia era estabelecer espaços culturais simples, de construção rápida e de natureza temporária em cidades de menor porte, como uma primeira etapa até essas localidades eventualmente construíssem teatros maiores e completos. Quase todas as cidades que contemplaram a iniciativa já inauguraram belos teatros. Foz ainda não. A estrutura, enfim, não é suficiente para o avanço dos movimentos culturais na cidade, assim como outros locais públicos que ao passar do tempo, foram se tornando obsoletos, a exemplo do auditório que há no Colégio Estadual Monsenhor Guilherme.
A campanha “Cadê o teatro?”, é um apelo que destaca a necessidade de um espaço municipal, não apenas para espetáculos e apresentações dramatúrgicas. Teatros abrigam muito mais, vão além das artes cênicas. Para se ter ideia, Foz inda não possui um espaço adequado para o arquivo de partituras, a guarda de instrumentos municiais, ou mesmo de acervos dos grupos que tentam desenvolver a produção teatral, seja nas escolas ou em movimentos culturais.
Reportagem: Eliane Luiza Schaefer