Segurança, sustentabilidade, Carnaval e as boas lembranças são temas da coluna de Rogério Bonato

Lá vem a Charanga da Yolanda! Foliões se preparam para mais um espaço que relembrará os velhos e bons carnavais. Mas... como eram, esses velhos carnavais? Aluns nem são tão velhos, porque morreram prematuramente.

 

Sustentabilidade

A parceria entre Itaipu e o Ministério do Turismo, calçada na capacidade e inteligência do Parquetec poderá se converter em uma ferramenta muito importante em favor de Foz do Iguaçu e a sua consolidação como “cidade sustentável e turística”. Um “observatório” é fundamental para a colheita de dados e informações que em muitas ocasiões não foram aproveitadas, ou compartilhadas com os vários segmentos que pertencem à cadeia de atividades no setor. O tecido desenvolvimentista do Turismo agrega uma quantidade enorme de parceiros e isso precisa encontrar sintonia. O segmento é o que mais pode contribuir comas lições sustentáveis, porque aproxima muito o homem da natureza.

 

“Cidade Turística”

Toda a vez que este colunista escreve que ainda falta para Foz se tornar uma Cidade Turística, algumas pessoas recebem o texto como fosse um palavrão desavergonhado. Pois ainda falta mesmo e, um Observatório Nacional do Turismo no Parquetec pode encurtar o caminho. Vamos explicar: o fato de não ser uma cidade turística não é depreciativo. Foz do Iguaçu é formada por um conjunto de atividades econômicas potentes e o Turismo é uma delas; há o comércio formal; o fronteiriço, os setores alfandegários, Itaipu, as áreas de conservação como Parque Nacional do Iguaçu; empresas se especializando em modais, o Porto Seco, indústrias, manufaturas, lojas francas, enfim, um leque variado que movimenta a engrenagem produtiva, gera empregos e distribui a economia. Cidade Turística é aquela em que todas as atividades são plenamente voltadas para os visitantes e tudo o que se faz, é o Turismo. Bonito, Ouro Preto, Jericoacoara e outras são turísticas. Um leitor enviou mensagem incluindo São Francisco do Sul, em Santa Catarina; ela é turística, mas antes, portuária. Boa parte da economia gira em torno do Porto.

 

Segurança é tudo

As pessoas e autoridades não devem se sentir ofendidas quando alguém disser que Foz não é uma cidade turística. Vai ver é muito mais até. Mas há um outro assunto que está diretamente ligado ao Turismo. Os visitantes querem saber: “é seguro fazer turismo em Foz? Dá para andar tranquilamente pela cidade usando relógio, correntinha” e perguntas que até mexem com a gente. Isso tem explicação: a onda de violência nos polos emissores, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, além de atemorizar, levanta a curiosidade. Quem viaja quer paz.

 

Foz é segura?

Este colunista escreve que é, se comparada a outros lugares. Mas se os visitantes e turistas ultrapassarem algumas linhas, ou se aventurarem em áreas de risco, aí são outros quinhentos. “Roubaram meu relógio, celular e documentos”, o policial perguntou onde, e, a resposta foi “na Ponte da Amizade”. Apesar da vigilância, o certo é não dar bobeira, como é o caso de ir passear no Jupira e outras paragens. Mas no âmbito da segurança, em Foz policial ainda anda fardado de casa ao batalhão ou GM, são poucas as ocorrências em locais onde há gastronomia abundante e atrativos. Isso hoje é muito diferente em dar uma volta no quarteirão em Copacabana. O turista sai do hotel e corre o risco de voltar pelado. Em Foz isso não acontece.

 

Big Brother

Como esta coluna publicou na edição passada, a cidade está virada em BBB, com câmeras espalhadas por todos os lados, a começar pelas residências. Isso acontece porque os moradores querem se precaver e de alguma forma atemorizar os inimigos do alheio. Mas a notícia ruim é que eles não estão nem aí com muro alto, cachorros, cercas elétricas e menos ainda o monitoramento. Os bandidos saem “noiados” para as suas empreitadas e se julgam seres invisíveis; são mesmo audaciosos. Quando há estratégias contra isso, entram pelo cano e vão olhar o pôr do sol no retângulo.

 

Uma espiadinha

Os moradores monitoram frequentemente e se guarnecem de cartões de memórias e HDs. Há quem passe horas conferindo os movimentos da própria casa, porque alarmes disparam até com os gatos da vizinhança. Essa fobia tem causado injustiças e é frequente saber de situação humilhantes nos grupos formados por vizinhos, quando alguém posta um cidadão passando em frente à sua casa, pré-julgado como bandido e meliante. É preciso calma, os transeuntes muitas vezes estão à procura de emprego, ajuda, ou simplesmente se deslocam a pé. Mas isso tudo, enfim, nos dá uma dimensão de como a sociedade anda atenta. De uns dias para cá, as pessoas querem saber como podem disponibilizar as imagens para as autoridades, o que não deixa de ser uma unificação abrangentes, muito além das forças policiais.

 

Conexão

A nova administração está pensando em como fazer isso, essa conexão entre os moradores, bairros e localidades com o sistema de segurança. Segundo uma informação, o secretário Luiz Teixeira, da Secretaria Municipal de Tecnologia, Inovação e Modernização Digital está estudando a possibilidade por meio de IA, e ele é doutor no assunto.

 

Sintonia

Ao abordar a “segurança” dos moradores e institucional, em Foz, o contra-almirante Paulo Tinoco cumpre uma agenda inédita:  ele está recebendo os Vereadores na SMSP para um café e um bate-papo, onde faz uma apresentação sobre a reestruturação, os desafios e as prioridades de sua pasta. Ao que se apurou, vereadores e vereadoras estão satisfeitos e até impressionados com a atenção, em conhecer melhor o secretário e o quanto é importante essa aproximação entre executivo-legislativo.

 

No embalo

Outros secretários estão pensando em copiar a ação do Tinoco e não só receber os vereadores, como também os presidentes de bairros e localidades que se consideram desassistidas, a começar pela distância. Dizem que olhando para isso, o General Silva e Luna está apressando os projetos para a construção de um Paço Municipal, com anfiteatro para as reuniões maiores. A novidade é que a Câmara poderá ser contemplada com uma nova sede e quem sabe, definitiva.

 

Cotoveladas

Não é de hoje que os vereadores, assessores e a população que frequenta o ambiente legislativo reclama do espaço na Casa de Leis. Dependendo o povo que se organiza e vai até reivindicar algo, metade fica do lado de fora.

 

Sem segredos

Os gabinetes são tão pequenos, que a genética das moscas e mosquitos sofreu uma metamorfose, os bichos são mais afinados, de tanto se espremerem entre os visitantes e frequentadores usuais do Poder Legislativo. E, quando um vereador fala no seu gabinete, todos que estão do lado de fora ficam sabendo.

 

Charanga da Yolanda

Finalmente a “Vila”, como é abreviada pelos moradores terá o seu Carnaval de Rua. Os “yolandeses” estão rasgando o sorriso, depois que a Prefeitura, por meio de seus órgãos, oficializou o evento. Bom vamos explicar: ele se oficializa quando é permitido; a Fundação Cultural ajudará com a estrutura e o Foztrans engenhou a liberação do espaço, ou seja, as duas pistas do último quarteirão da Avenida Iguaçu. A engenheira Pricila Mantovani, Diretora de Trânsito e Sistema Viário, atuou pessoalmente no caso e foi conferir todas as possibilidades de realização da Charanga. Diga-se, a profissional acompanha os eventos de Carnaval faz bastante tempo e teve um papel fundamente em quase todos os formatos, como no tempo da Duque de Caxias, a reimplantação na Avenida JK e também no Carnaval da Saudade, na Rua Marechal Deodoro. Pricila está 24 anos nas atividades do Foztrans, em várias funções importantes.

 

Limão azedo e limonada

Este colunista pegou com a mão pesada o assunto e aqui se retrata, porque não sabia, mesmo depois de conversar com as autoridades, que o assunto da liberação da pista estava sendo revisto. E foi. O Foztrans não procedeu errado, apenas emitiu uma negativa, aguardando a manifestação contrária e, depois das justificativas, o assunto foi analisado in loco e a engenharia de trânsito emitiu parecer favorável, resolvendo o impasse. Entre uma coisa e outra, a notas aqui foram publicadas. Realmente o Foztrans é muito atuante quando há eventos em Foz e literalmente “se vira nos 30” para ajudar nas produções, uma em cima da outra. Pedem para fechar ruas e avenidas a todos os momentos. O grosso da população não faz ideia do número de atendimentos e ações cumpridas naquele órgão.

 

Explicando o evento

A Charanga da Yolanda nasceu de um bate papo entre amigos, considerando que o bairro poderia abrigar um evento relembrando os carnavais de antigamente. Naquele momento havia muitos questionamentos sobre a realização do Carnaval da Saudade no centro da cidade. Esse encontro aconteceu nas dependências do Joãozinho Espetinhos, no final de 2023. O dono do negócio, por sua vez, fez uma cara de dúvida e chegou a arrepiar o couro, imaginando que poderia ter dores de cabeça, porque além da folia atrapalhar o movimento do seu estabelecimento comercial, teria que emprestar parte da estrutura, luz, água, banheiros e disse: “ah, deixa quieto”. Demorou até ser convencido sobre a realização de um carnaval em frente ao boteco.

 

Tentativa

Em 2024, houve uma tentativa de realizar a Charanga, mas sem sucesso, com o evento empacando na liberação da via. É importante explicar que outros locais foram descartados, porque as ruas da Vila Yolanda são convencionais, e, um tanto estreitas, diferente do trecho requerido, com as duas pistas mais largas canteiros, a sombra de grandes árvores e um trânsito que pode ser desviado nas ruas paralelas. Além do mais, as instalações do Joãozinho serviriam de apoio.

 

Em 2025

Em dezembro do ano passado a ideia a ideia da Charanga começou a encorpar novamente, com uma nova rodada de discussões com o Joãozinho que já havia desistido, de novo, de um carnaval atazanando a vida. Coube ao Clóvis Augusto Aires Quadros, e os diretores do Bloco Papai Urso, a missão de convencer o empresário, com a ajuda deste humilde escriba e de Eliane Schaefer, se preparando para ajudar nos concursos de fantasias infantis e Pets. Por essas e outras é bom sempre lembrar, que a Charanga da Yolanda não pertence e não é de responsabilidade do Joãozinho, mas sem ele, dificilmente o evento seria realizado. E é também necessário destacar a cordialidade e parceria de Dalmont Benites e Monank, respectivamente Diretores da Fundação Cultural, que abraçaram a ideia. Parodiando o Santos Dumont, o homenageado desde ano, certas coisas não pertencem a um ou outro e sim, são de todos, igual a Tereza da Praia, que não é de ninguém! Perlo visto já é carnaval e aqui vai um abraço aos leitores desejando-lhes uma ótima sexta-feira!

 

A foto da capa

Foto de Juca Pozzo

 

A capa da memória

O Registro amarelado pelo tempo, mas com as cores bem vivas na memória foi realizado pelo fotógrafo profissional Juca Pozzo, o herdeiro de um fabuloso acervo de imagens históricas de Foz do Iguaçu, uma vez que ele iniciou a carreira na Casa de Retratos Pozzo & Filhos, que ficava no centro da cidade. Seu pai estava no ofício desde os anos 30. Onde anda você meu amigo? Olhando o “retrato” notei a data no verso, 14 de fevereiro de 1981. Passaram-se 45 anos!

 

E a memória?

Com a ajuda dos recursos eletrônicos certifiquei que era um sábado, quando o jornalista Selmo Jandir Aragão e o radialista Luiz Carlos Souto apresentavam o resumo da semana, nos gloriosos estúdios da Rádio Cultura de Foz do Iguaçu, ainda na Rua D. Pedro II. Este colunista, creiam, é a figura esquelética no canto direito do registro. De certa maneira formávamos um trio, cobríamos todos os eventos políticos, culturais, sociais e esportivos, do futebol ao kart; das pescas ao dourado aos certames de luta-livre; não escapavam nem as partidas de tênis de mesa. Alguém faz ideia de como é narrar uma partida de ping pong?

 

Velhos Carnavais

Num relance de memória, lembro que naquela manhã levei um sonoro pito do gerente da emissora, o saudoso Ennes Mendes da Rocha. “O que você está fazendo aqui? Deveria estar na redação ajudando o Anésio Gonçalves e o Oliveira Júnior na preparação do Jornal do Meio Dia”. Saí de fininho e voltei para a velha máquina de escrever, porque o tradicional programa também fazia um resumo dos principais acontecimentos e por isso necessitava um certo empenho, uma vez que exercia a função de repórter de rua, juntamente com o Aragão. Passou pela sala o não menos saudoso marinheiro João Cyríaco de Souza Filho, o capitão que falava da marinha, do espiritismo e muitas coisas boas. Foi um grande amigo, mestre, professor, um guia para quem possuísse a cabeça cheia de ideias e não sabia por onde começar. Dividia a função de amainar a minha avidez com o padre Germano Lauck. Uma tarefa das mais complicadas, imagino. Que luxo para alguém, poder contar com conselheiros como Ennes, Cyriaco e Germano! E como a memória é tão colorida, lembro-me bem que naquela manhã, o capitão, vestindo a farda branquinha, perguntou: “como vão os preparativos do Carnaval? Fala com o Marujo, que ele, o Toto Palma, Roberto Simões, Raul Quadros e o Mosquito estão com a ideia de criar uma charanga”. E foi quando eu soube dos antigos carnavais de Foz, com os famosos “corsos”, que marcavam o encontro na esquina das ruas Marechal Deodoro e Quintino Bocaiúva, onde mais tarde, fiz acontecer, juntamente com os colegas na Fundação Cultural, o falecido Carnaval da Saudade. A casa de Cyriaco ficava de frente para a folia e era toda enfeitada com serpentinas e mascadas. A família se reunia na calçada até o encerramento do evento.

 

Falecido?

Não perguntem as razões do falecimento, porque infelizmente faz parte de um passado das inseguranças públicas na realização de eventos, quando morrem pela falta de coragem. Essas águas passadas são cheias de troncos enroscando no pensamento. Cada enrosco dói e às vezes é bom nem lembrar.  Não dói, por exemplo, lembrar todas as pessoas mencionadas, elas se foram do corpo, mas sempre surgem em forma de brisa fresca nas manhãs de verão. Não há um só dia em minha vida que deixo de lembrar o Aragão e o Luiz Carlos, especialmente, porque marcaram muito a minha vida e partiram muito cedo. Aragão foi vítima de um vírus medonho e Luiz, num trágico acidente na entrada da cidade, poucos anos depois da foto.

 

Os frutos caem do pé

A vida é em síntese uma árvore carregada de frutas; umas caem prematuramente e desaparecem sem a força da geminação; outras são colhidas e, há as que permanecem até passarem do ponto, obedecendo a ordem natural de todas as coisas; enrugadas, despencarão, apodrecerão, os caroços serão cobertos de folhas e, logo brotarão mudas e tudo começará de novo. Não sou espírita e ainda me considero um incompetente no discernimento de muitos aprendizados, mas algo me diz, que essa minha teoria possui sentido. Minha mãe está prestes a completar 90 anos e diz: “porque todos os meus irmãos já faleceram, e eu fiquei sozinha e ainda vivo muitos anos depois?”. Escuto, não sei responder e também fico pensando, pois da legião de amigos que havia na Rádio Cultura, na época em que desembarquei em Foz, apenas eu, o Oliveira Júnior, Cláudio Soares, Celso e Rosane Rios ainda não “desembarcamos dessa jornada”. Alguém disse que o Ferreira Júnior ainda está por aí, mas longe dos microfones. Tenho saudade.

 

Saudade gera saudade

Os leitores que me perdoem, mas nas sextas-feiras e sábados sempre bate uma ventania de lembranças e não sei como deixar de relatar. Jorge Luiz Borges discerniu o “espaço profundo e cumulativo da memória”, o conceito de escrever, se livrando das memórias para criar espaço de pensamento. Há uma frase dele mais ajustada e fiquei com preguiça de pesquisar. A verdade é que os nossos HD’s orgânicos não funcionam assim quando há no processo o emocional. Não exercito o descarte das coisas boas, de jeito algum. Escrevo num sentido contrário, de avivar cada vez mais as lembranças e a esta altura, creio que isso colabora com a história, a minha e a de outros. Pena que isso, em algum lugar, chateie quem gosta dos fatos políticos, as travessuras cotidianas, muitas das quais perdulárias e que nem mereceriam o meu tempo e espaço, mas lembrar os amigos é para mim algo muito importante. Bom, vamos correr amigos! Um bom final de semana a todos!