Políticos, em geral, pertencem à família “chamaeleonidae”
Coluna do Rogério Bonato
]Outros tempos…
Passeando pelas obras de duplicação da BR-469 dá para ver que estão trabalhando bastante, sobretudo em cima dos trechos que foram iniciados em 2006, e, logo abandonados. Para relembrar, naquela época – já um tanto distante – as máquinas escavaram e os caminhões despejaram uma montanha de pedras ao lado da pista, além do mais, largaram tubulações, tijolos e, não demorou a empreitada virou um tenebroso imbróglio, com os moradores precisando se equilibrar entre as valas e o trânsito intenso. Incontáveis os acidentes entre veículos, ciclistas e atropelamentos ao longo dos 17 anos.
No túnel do tempo
Foi na manhã ensolarada de um sábado, quando armaram um palanque bem ao lado do antigo posto de gasolina que ficava em frente ao Hotel Carimã. Isso aconteceu exatamente no dia 22 de abril de 2006. Havia bem umas dez pessoas assistindo ao ato e outras trinta em cima do palco. Um dos ministros mais importantes da República, o Paulo Bernardo, anunciou que a duplicação seria concluída naquele ano e custaria cerca de 37 milhões. Engenheiros tossiam falsamente quando o ministro jurou que cumpririam o prazo. O prefeito Paulo Mac, que conhece esse tipo de obra balançava a cabeça negativamente. Havia um cheirinho de furdunço no ar. (Foto)
Todos falaram…
A cerimônia e seus derradeiros registros nos fazem viajar no tempo e, contar quantas voltas esse mundão “véio” dá. Na foto de capa do finado jornal A Gazeta do Iguaçu, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, faz o seu discurso e é ouvido pelos poderosos de então. Relembrando, estavam lá: Dilto Vitorassi, deputado federal, era suplente e assumiu a vaga do ministro Paulo Bernardo; Carlos Budel, presidente da Câmara Municipal; Reni Pereira e Chico Noroeste deputados estaduais; Paulo Mac Donald Ghisi, prefeito e ainda ao fundo, estava o deputado Fernando Giacobo. Se fossem patinhos no stand de tiro de um parque de diversões, só o Giacobo sobreviveria às rolhas ou chumbinhos. Mas todos ainda estão pela área, arriscando o voto.
Mas o que foi que aconteceu?
Ouvindo muita gente é difícil desatar o que parece ser um dos nós cegos em nossa história. Uns dizem uma coisa, outros evitam tocar no assunto, mas o fato é que a demanda foi embargada e frustrou o sonho da cidade. Bom, foi sim um sonho e que virou um baita pesadelo, tanto que quando começaram a falar em duplicar a via outra vez, muita gente não acreditou.
Há comparação?
Não há, mas alguma coisa deve ter acontecido de errado em 2006, porque segundo engenheiros e pessoas que conhecem o assunto, seria mesmo impossível realizar a duplicação dos 8,7 Km em apenas oito meses. Basta observar o que acontece nos dias de hoje, onde há muita complexidade com galerias, estruturas de retorno e cuidados com a fauna, água, além de providências. O setor da construção evolui tecnologicamente e o projeto mudou bastante. Em verdade nem existe mesmo comparação.
Mudanças esperadas
O governado Ratinho Jr. teria exonerado de “mentirinha” os secretários Beto Preto (Saúde), Sandro Alex (Infraestrutura) e Leandre Dal Ponte (Mulher), todos do PSD, reassumiram suas respectivas cadeiras na Câmara Federal, incluindo o Ricardo Barros (Indústria e Comércio), do PP. Eles retornaram aos mandatos na semana passada para as emendas no Orçamento da União. Como em jogo de basquete, entraram e já saíram, de volta aos cargos no Executivo.
Esquema “vapth-vupth”
As más línguas tentaram induzir que as mudanças aconteceram pela falta de segurança e confiança nos suplentes. Negativo, como nas quadras, os titulares desempenham papéis mais abrangentes e ampliam o poder de convencimento perante os demais, ainda em tempos de emendas. Beto, Sandro Alex, Leandre e Ricardão Barros fazem outro tipo de marcação, se comparado às atividades dos suplentes, onde se inclui o “nosso” Luciano Alves.
Férias fora de época
Luciano, em verdade, estava faceiro, embora ele aprecie muito desempenhar o mandato em Brasília, passou uma semana na base, tempo suficiente para analisar a fervência eleitoral. Muita gente até prefere que ele fique em Brasília porque sabe que pode fazer a diferença em caso de se candidatar. Ontem ele já estava de volta na Capital federal.
Rebuliço
A provável candidatura de Paulo Mac Donald ainda anda arrasando quarteirão. Vários interlocutores surgiram das profundezas tentando confundir a opinião pública. Deveriam usar de cautela, pois está para sair uma marretada na moleira de quem fala demais e dá bom dia a cavalo. Se publicarem um parecer definitivo há quem fique pendurados no anzol.
O tiro no pé
Os observadores mais competentes conseguem vislumbrar o a situação de duas maneiras: derretimento do gelo partidário ou lava vulcânica. Isso, de um jeito ou de outro, acabará se misturando. A estratégia de quem não quer o Paulo na disputa é usar de artifícios para ilustrar o feito negativo: se ganhar, não irá assumir. É o velho jogo da anulação, mas que pode não dar certo, afinal de contas, ele foi julgado e o resultado no colegiado foi unânime. Há interpretações seguras com relação a esse detalhe e o que ele pode causar.
Corrida pela vice
Uma maneira de interpretar o que virá, é olhar para o povo que quer ser vice. Esses dias a coluna publicou que havia uma dúzia de pré-dispostos à vaga. O número subiu para 18. A “mistura do derretimento” causa a formação de três correntes: o General Silva e Luna costurando a direita; Paulo Mac Donald trabalhando o centro, com gente dos extremos e, por fim, Nilton Bobato, Chico Brasileiro e o PT (menos o Vitorassi), possivelmente se juntando com Sâmis da Silva e é daí que surgirá o nome da esquerda. Então vamos imaginar que há vices para todos os gostos e apetites.
Sâmis agregador
As conversas entre Beto Richa e Gleisi Hoffman prosperam e claro, Sâmis da Silva manda ver no tricô do tecido eleitoral. É hábil e segundo uma fonte, tem conversado bastante com o povo da prefeitura.
E o Ney Patricio?
Ele está quietinho. Faz como manda o jogo; sabe que boca grande não entra em festa no céu. Ney está de olho em todas movimentações de pré-candidatura a prefeito. Ele já foi presidente da Câmara e também secretário municipal, e, claro aposta no currículo como um dos triunfos para a disputa do ano que vem. É competente e por isso jamais será desprezado. Leia-se competência no jogo político.
Na alcova
Lá pelos lados da Câmara Municipal rolam uns cochichos atrás da porta do gabinete de Ney Patricio. “Continuamos na pré-candidatura a prefeito, mas se for entendimento das forças políticas, já que não é um projeto só meu, podemos ocupar uma vice para um projeto viável”. Foi o que alguém escutou colocando um copo na parede.
E qual seria o projeto?
Projeto viável é aquele que possui os pés no chão, longe dos sonhos e da imaginação fértil. Ney é um nome bom para o PSD e mantém boa relação com os caciques em Curitiba. Poderá fazer o jogo do partido. Isso depende muito do “efeito” Paulo Mac Donald. Mas o Ney, é, afinal, o vice que muita gente quer chamar de seu; a esta altura já deve ter entrado no scanner do General. Em suma, está em condições de ser vice de qualquer frente.
Onde há força?
Vamos ilustrar melhor o efeito do derretimento de gelo e da lava fervente: quando as duas coisas se encontram ocorrem fenômenos: a água evapora, mas a lava esfria e vira pedra. Um levantamento nem tão recente, mas que continua servindo como parâmetro, sério diz que a direita continua firme, o centro pulveriza e a esquerda tenta furar o bolo, precisando de um dedo comprido. Ai, não vejo a hora de deixar as metáforas de lado…
Quem segura?
Vamos olhar lá para esquerda e entender o que anda acontecendo: há quem diga que o jovem Ian Vargas, hoje no Fozhabita, possui proximidade com o secretário de Turismo, o também petista André Alliana, e, é bem ligado ao DGB da Itaipu, Ênio Verri. Mas essa ligação, parece não ser suficiente para mantê-lo no cargo. Lembrando, ele foi inicialmente escalado para a Secretaria de Direitos Humanos. No entanto, com a volta da primeira-dama ao Governo, ele foi parar na área da habitação.
Desembarque do PT
Pesa também contra o Ian, o fato do PT ter se declarado “oposição” ao Governo Municipal e haver uma grande pressão de seus colegas para que entregue o cargo. Mas talvez ele nem precise pedir as contas: uma fonte revelou que já existem sondagens de um novo nome para a pasta. Uma pessoa já foi procurada, mas declinou. Para variar o assunto vazou.
Situação difícil
Este colunista já escreveu recentemente que o Ian Vargas balança no cargo. Além das críticas na Câmara e de colegas do próprio Governo, há uma certa falta de habilidade com a pauta da habitação. Agora parece que abandonaram o rapaz a própria sorte. Ele não aparece na foto oficial da entrega de títulos de regularização de moradias. Todos saíram no retrato, menos o Ian. (Foto)
Entre mortos e feridos…
…na política todos se salvam. Políticos, em geral, pertencem à família “chamaeleonidae”, ou seja, andam de costas no teto igual lagartixa e mudam de cor dependendo o ambiente. Sempre acham o jeito e encontram saída. A todos um bom início da semana que vai dar em dezembro! Lá por sexta-feira ou sábado teremos a musiquinha com as mensagens de Natal na Globo…”hoje… é um novo dia… de um novo tempo… que começou…”