Fronteira ou vastidão? Nunca estivemos tão longe e tão perto.

“O espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de cinco anos para a exploração de novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve!”.

Dizem que foi o Gene Roddenberry quem provavelmente escreveu a abertura do roteiro mais imaginativo na história dos audiovisuais. Quantas viagens fizemos ouvindo frases assim, acreditando nesse destino de ficção, mas que certamente a humanidade alcançará? Ou será que não alcançará?

Mas passando um rápido olhar em nossa existência, não é difícil concluir que o homem, antes de vasculhar o universo, precisará viajar para as profundezas do próprio corpo e realizar, dentre outras, uma tarefa bem mais difícil, em decifrar a vastidão da consciência. Pode ser, depois disso, terá condições de transpor as fronteiras espaciais e quem sabe, encontrar outros povos; seres possivelmente mais preparados e evoluídos.

É triste concluir, também, que ainda somos um perigo endêmico para o Universo, porque carecemos de saneamento amplo; o homem em sua essência é um ser maravilhoso, perfeito, uma máquina indescritível, certamente será invejável, mas, e em grande parte, desconhecida, que ainda não conhece seu potencial, qualidades, virtudes, e de que maneira prover isso aonde for. Estamos verdes. Por enquanto, possuímos mais defeitos que qualidades; somos destruidores implacáveis, ameaçadores, injustos com os semelhantes e a natureza, longe do senso de indulgência e do raciocínio comum, como fazem os nossos irmãos simbióticos, os animais.

Um cão deve olhar para um homem e pensar: “como ele pode ser assim?”.

Em pouco mais de um século, no lugar de se esforçar para conhecer a Natureza, e, conviver desfrutando dela corretamente, o homem preferiu se proteger. As vacinas, por exemplo, são criadas para imunizar doenças causadas pelo desequilíbrio e o trato violento sobre a água, o ar; a derrubada das florestas, o extrativismo em nome do progresso; reviramos o céu e o subsolo, cobrindo o habitat de dejetos; caminhamos para o limiar da irreversibilidade. Quem dorme com isso? Dorme quem absolutamente não liga, não faz nada, não entende. Pessoas assim precisarão navegar pelos mares bravios da vergonha existencial. Isso só mudará, quando a ressaca moral for mais pesada que o ar e daí, será tarde demais.

Há quem garanta que já alteramos a nossa genética, frente esse coquetel de drogas orgânicas e sintéticas, advindas das doenças. Estamos injetando tantas redomas moleculares em nossos corpos, que logo, não teremos mais controle sobre ele. Mas será que a ciência é assim tão perversa?

Na leitura deste texto, as pessoas precisam cuidar com a interpretação. Alguém poderá considerar, não receber, por exemplo, a vacina contra o Coronavírus e suas decorrentes mutações; ou se previver da gripe, ou demais endemias que a cada dia, estão em queda de braço com a essencialidade da nossa sobrevivência.

Devemos crer na ciência, e, de alguma forma utilizar a proteção. No dia em que as produções de vacinas deixarem de existir é porque conseguimos endireitar o mundo, ou acabamos com ele de vez. Só há essas duas vias, infelizmente. Prefiro crer na primeira.

No fim, vamos pensar, que há exemplos maravilhosos, ensinamentos e preceitos que nos fazem acreditar que tudo ficará bem. Manter a esperança é o melhor caminho. Vivemos esse curto espaço de reflexão, porque ela aguça aos finais de ano. Pensar em tudo isso já é um excelente começo. Pensar com profundidade, justiça e justeza, é maravilhoso.

 

Rogério Romano Bonato