Eis que se vai mais um Carnaval

  • Rogério Romano Bonato – 

 

O Carnaval dentre as outras coisas

Não foi muito fácil trabalhar na manhã da terça-feira de Carnaval, mas como de fiz no jargão, “deu uma coceira”. Foi até que bem mudar a rotina do marasmo de um feriado prolongado, quando não se tem muito o que fazer além dos limites da cama e churrasqueira. Olhando os jornais e ligado aos fatos locais, alguns dos quais muito tristes o melhor é escrever.

 

Sem trégua

A maioria dos jornais brasileiros estampou o ex-presidente Bolsonaro ao convocar um ato na Avenida Paulista! Isso, no áuge dos processos que podem tirá-lo da vida pública. Segundo a opinião geral, as investigações dos atos golpistas podem impulsionar uma onda contra o STF no Congresso Nacional. Muitos deputados e senadores estão desconfortáveis. A avaliação disso é que poderes caminham, indo e vindo de prováveis rupturas institucionais. A folia política, ao fim, sempre preocupa.

 

Nas telinhas

É certo que a cobertura dos desfiles das escolas de samba no Rio e São Paulo não ganhou a audiência esperada. Segundo consta, o povo preferiu maratonas em séries e filmes. Os políticos que abram os olhos, porque tudo indica que o horário eleitoral sofrerá efeitos similares.

 

Movimento

Pelo visto houve um aperto na empreiteira que realiza os trabalhos na Perimetral Leste. Trabalharam e bastante ao longo do Carnaval. Turistas, visitantes e moradores que utilizaram a Avenida das Cataratas e a BR 469 precisaram enfrentar bloqueios de pista, com os caminhões carregando terra de um lado ao outro. O que sai de vários locais, preenche o leito da futura via marginal, que atenderá as localidades no setor Sul da cidade.

 

Protesto

Alguém ligou dizendo que os comerciantes do Porto Meira ameaçam um protesto próximo ao local das obras, leia-se fechando o acesso da aduana, sentido Argentina. Há muito inconformismo com a instalação de barreiras de concreto ao longo da Perimetral. Moradores do Carimã, adjacências, e, Jardim Cataratas, por exemplo, terão que usar as alças de acesso do viaduto, para chegar ao comercio do Porto Meira. São muitas as mudanças e maior o inconformismo.

 

Enquanto isso…

…na zona rural – se é que o local ainda pode ser chamado assim – o movimento é intenso para desviar das obras da BR 469. Um motorista amigo garante que aprendeu a usar as estradas no meio do mato para escapar dos pardais. “Andando a menos de 30 km, a gente leva multa do mesmo jeito”, garante. Que sufoco isso hein?

 

Vários percursos

Não faz muito tempo realizei uma excursão pelas várias estradas que há em paralelo à BR 469. São trajetos até que aprazíveis, não fossem os buracos e os veículos supersônicos dos contrabandistas. Fora isso há os tratores e colheitadeiras e, muito pedestres. No mais, só se vê placas de condomínios em todas as direções. Com a perimetral, o desenvolvimento vai abarcar toda a região, até os limites do Parque Nacional. O imenso “oceano verde” avistado do alto da Avenida Cataratas ameaça desaparecer.

 

A alegria do Carnaval

Em Foz a folia aconteceu em vários locais, mas a festa popular foi na Terceira Pista, não muito diferente dos anos anteriores. Uns reclamam, outro elogiam. Assim sempre foi e sempre será.

 

A Canja

Desde as primeiras horas da terça-feira o pessoal do Rotary Clube Foz do Iguaçu – Grande Lago, mandava ver na preparação da Canja do Galo Inácio, que beneficiou a AFA. O céu fez cara feia, mas isso não intimidou os organizadores. Pensa um pessoal que trabalha. O mestre cuca oficial do evento, o Carlão, reportou os preparativos dias antes do evento. No decorrer da semana repassarei mais informações sobre o tradicional evento, diga-se “um bem iguaçuense” e que ajudou a milhares de crianças e projetos sociais. Inclusive haverá novidades para 2025.

O Chef Carlão, eleito o mestre cuca do evento prepara a canja juntamente com os volutários do Ritary Grande Lago e AFA, entidade prestigiada em 2024.

 

O Carnaval triste

Os anos vão passando e aquietamos o senso de folia. O Carnaval, apesar da irreverência, torna-se um pouco chato, se comparado aos bons tempos. Quando jovens, caímos na folia e, depois, procuramos um lugar para simplesmente assisti-la, e, recordando. E quando amigos se vão, em pleno período de Carnaval, aí a barra pesa de vez, como aconteceu para muitos iguaçuenses ao saberem do falecimento de Gilmar Main e Gelsi Gelmini, diga-se, que também adoravam o Carnaval.

 

Gilmar

Main era a irreverência em forma de gente, lá pelo início dos anos 80 foi um dos responsáveis pela Escola de Samba Clara Guerreira, um empreendimento do saudoso Emerson Wagner, enquanto presidente do Foz do Iguaçu Country Club. Antes, porém, o Main comungava a amizade de metade da cidade com o seu senso de participação e voluntariedade, ao lado do inseparável amigo Caco, ou Juan Carlos Riveros, um dos maiores nomes do Judô no Paraná.

 

Nos eventos

Gilmar Main era um senhor organizador de eventos, dos jantares aos Congressos, setor que abraçou durante décadas. Fora isso, emprestava o talento aos clubes sociais como o fez anos a fio, na gestão de Maeli e Narciso Valiati, tanto no Coutry, como Clube Hípico. Enfim, adoeceu e sofreu muito, mas nunca perdeu de vista os amigos e mesmo à distância foi muito presente aos demais.

Gilmar Main foi um grande parceiro dos clubes de serviço e entidades sociais, como o Coutry Club

 

Gelsi

O “gaúcho” de Garibaldi causará muita saudade. Gelsi Gelmini além de um empresário competente no ramo dos combustíveis e depois turismo, era também um amante do futebol e da música. Embora muitos não recordem, foi um narrador dos gramados, eclético e de primeira grandeza; emprestou a voz à várias emissoras do Rio Grande do Sul e Paraná, em especial para a nossa Rádio Cultura. Mas, isso fazia por gosto e sem receber um centavo. Deixava os negócios de lado e embarcava para transmitir as partidas quando era convidado e abrilhantava o prefixo, com sua qualidade de pessoa e profissional.

 

Amizade

Mas o Gelsi era mesmo um “amigo” aos que necessitassem. Batia o cartão aos sábados, nas rodas dos botecos e sempre, alegre e atento a tudo, comentando os fatos e cantando quando alguém puxava a viola. Como passamos pelo Carnaval, período em que nos deixou, deve ter se despedido cantarolando alguma marchinha. Ele sempre mencionava a cidade de Garibaldi, as uvas, o vinho, a família e lá foi sepultado. Há muito o que lembrar sobre pessoas tão especiais e que mereceriam páginas de lembranças, como o Main e o Gelsi. Todos os meus sentimentos de pesar aos familiares.

Gelsi Gelmini, dentre outras, foi uma voz marcante do ráoio esportivo

 

2024 começou

Que venham os outros dez meses! Tomara as coisas tenham jeito e saibamos nos amparar, como pede a Campanha da CNBB deste ano: Fraternidade e Amizade Social. O tema é inspirado na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, com o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt. 23, 8).