Os Primeiros Povos

Muito antes dos colonizadores, grupos humanos já habitavam a região há milênios, deixando vestígios de sua presença nas margens dos rios e na memória da floresta.

A história de Foz do Iguaçu não começa com a criação do município em 1914, tampouco com as primeiras expedições ibéricas pelo interior do continente. A ocupação humana é muito mais antiga, embora ainda pouco explorada e documentada. Estudos arqueológicos indicam que grupos humanos podem ter habitado as terras entre o rio Paraná e o Iguaçu há pelo menos 5 mil anos.

Foram povos nômades, caçadores e coletores, que se adaptavam aos campos, pântanos, matas e rios, em um ambiente que mudava constantemente ao longo dos milênios. Viviam próximos aos cursos d’água, onde encontravam alimento, abrigo e meios para sua mobilidade. Os vestígios deixados — como lascas de pedra, ferramentas rudimentares e marcas de fogueiras — ainda são objetos de escavações e controvérsias, já que a arqueologia regional continua carente de investimentos e visibilidade.

A presença de cerâmicas e traços de aldeamentos em áreas mais altas indica o surgimento posterior de grupos organizados, possivelmente ligados às tradições tupi-guarani. Esses povos desenvolveram culturas com forte ligação espiritual à natureza, organização social complexa e um profundo conhecimento dos ciclos fluviais e florestais. A oralidade, a cosmologia e o domínio do ambiente fizeram dessas comunidades guardiãs do território muito antes de qualquer ocupação europeia.

Estima-se que o atual território de Foz do Iguaçu tenha sido uma zona de transição e circulação entre diferentes etnias indígenas. Não havia fronteiras fixas, mas redes de contato, troca e até disputa por áreas de caça e pesca. A confluência dos rios e a abundância de recursos naturais fizeram dessa região um corredor ancestral — o que reforça sua importância estratégica mesmo antes da era colonial.

Com a chegada dos europeus, a história muda de tom. Em meados do século XVI, os colonizadores espanhóis passaram a mapear a região e, com eles, vieram as doenças, a escravização e a ruptura dos modos de vida tradicionais. A floresta que protegia esses povos também começou a ser explorada, e os registros sobre os habitantes originários foram quase apagados.

Hoje, os descendentes guarani continuam presentes na Tríplice Fronteira, resistindo cultural e fisicamente, embora muitas vezes marginalizados nos limites invisíveis das cidades. Relembrar os primeiros povos é também um ato de reconhecimento: foram eles os verdadeiros fundadores deste território.

O solo de Foz guarda histórias que não foram escritas, mas que permanecem. Para compreendê-las, é preciso escutar a terra, os rios e os povos que por ela passaram — e ainda permanecem, mesmo que a cidade moderna, por vezes, prefira esquecê-los.

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